terça-feira, 4 de setembro de 2012

Daniel Dias, meses e anos

>> Absoluto nas piscinas, nadador faz a trifeta 50 e 200m livres e 100m peito em Londres. Só falta um ouro para igualar Pequim. (foto: Getty Images)




Se Phelps foi superado por Thiago Pereira e companhia nos Jogos Olímpicos e Cesar Cielo conquistou apenas um bronze na terra da rainha, Daniel Dias é um homem que não dá chances para ninguém. Na tarde desta terça (04), alcançou sua terceira medalha de ouro, nos 100m peito SB4. Antes, já recebido a dourada nos 50 e 200m livres S5. Depois, deve se tornar o maior nadador paralímpico brasileiro da história.

O que mais impressiona é a hegemonia de Daniel, 24 anos, nadador desde os 16. Até aqui, todas as vezes em que pulou na piscina, BAM!, ouro. Recorde paralímpico também é com ele: só nos 100m peito, quebrou-o nas eliminatórias e depois novamente na final. A facilidade com que o multicampeão nada também é digna de nota. Seu talento, nato, já lhe rendeu o Laureus - o "Oscar do esporte" em 2009. Alguém mais sente o bi chegando?

Em Pequim, Daniel conquistou phelpianísticos 4 ouros, 4 pratas e 1 bronze. Em parapan, currículo irretocável: 19 medalhas douradas, 11 só em Guadalajara. Mundial da Holanda ano passado? 5 ouros. E aqui em Londres, a brincadeira está apenas começando...

domingo, 2 de setembro de 2012

Brasil passa pela Eslovênia no vôlei sentado e conhece nova personagem paralímpica

>> Destaque da seleção em vitória apertada, Jana Cunha marcou 54 pontos em duas partidas. E quer mais (foto: Terra)



Imagine que você é um grande talento do voleibol. Uma garota de 18 anos, que atua pela Seleção Brasileira Juvenil e inclusive já foi eleita melhor atacante de um Sul-Americano. Pense, agora, que ao sair de um treino você foi atropelada e teve que passar por uma reconstrução na perna, acabando com seu sonho de defender o país numa Olimpíada. Essa é a história de Jana Cunha, que, se não esteve presente na seleção medalha de ouro em Londres sob o comando de Zé Roberto, busca o pódio agora nas Paralimpíadas.

No vôlei sentado, Jana é uma unanimidade. Já havia sido o destaque do time, com 22 pontos, na estreia dos Jogos, quando as brasileiras foram derrotadas pelas chinesas - atuais campeãs paralímpicas. Hoje, na vitória suada no tie break ante a Eslovênia (semifinalista quatro anos atrás), Jana teve um aproveitamento espetacular no ataque (57,7%), de dar inveja a qualquer atacante de vôlei convencional. Em comparação, a equipe eslovena botou apenas 28,5% dos ataques no chão. Com 32 pontos ao todo, a capitã da equipe teve seu dia de Sheilla ao virar quase todas as bolas do Brasil no set decisivo.

Do outro lado da rede adaptada, mais atletas cheias de história para contar. Responsável por 30 dos 59 pontos conquistados pelas eslovenas, a atacante Anita Goltnik tem nada mais nada menos do que 47 anos. E ânimo de sobra para liderar a seleção. O que também sobra na equipe bálcã é experiência: outras duas titulares, Danica Gosnak e Stefka Tomic, já fazem parte do clube das cinquentonas.

Com tanto exemplo assim, o que você, que não tem 50 anos nem perdeu força muscular na perna após um acidente, está fazendo que não jogando vôlei?

Ps: O próximo jogo da seleção é nesta segunda (03) às 15h contra os Estados Unidos. Quem vencer passa às semis e deve enfrentar a Ucrânia. Realmente espero que o Sportv transmita a partida.



sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Fucking four years of my life


>> Atleta e torcida ingleses sofrem em final de ciclismo. Erro do ciclista ou dos árbitros? (foto: Getty Images)



 
 


Muita tensão no velódromo de Londres. O dono da casa Jody Cundy, favorito no 1km contra o relógio C4-5, é o último atleta a competir. Antes deles, o espanhol Afonso Cabello já bateu o recorde mundial com 1:05.947 numa prova sem erros. Logo na sequência, a nova marca mundial de Cabello ficou por um fio de ser alcançada por outro britânico: Jon-Allan Butterworth, que cravou ridículos 0.038s acima do recorde.

Cundy, porém, é a esperança da torcida local. Multicampeão, conquistou três ouros em Campeonatos Mundiais (incluindo um em 1994!) e outros três nas Paralimpíadas de 1996 e 2000 em provas de... natação! Após Sydney, decidiu mudar de ares e migrou para o esporte das bicicletas. E se deu bem. Mais duas subidas ao lugar mais alto do pódio em Pequim impulsionaram a já brilhante carreira do agora ciclista.

Porém....

No momento da largada, a roda traseira da bike de Cundy patina. Ele para de pedalar e levanta o braço acusando falha da estrutura usada para a saída. Público ainda mais apreensivo, técnico e árbitros discutem. Cundy senta e espera a decisão. Erro do britânico ou falha no equipamento? Terá o campeão nova chance para realizar a prova?

Não.

A arbitragem decide que a falha na largada foi do atleta. O ciclista se desespera. "I didn't waste fucking four years of my life for this!", esbraveja Cundy perto de um microfone aberto. O sonho dourado acabou. Ouro para Afonso Cabelo e 22° lugar para o britânico com os dizeres DNF (didn't finish). Coisas da vida, coisas da paralimpíada.

 

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Delegação já começa a brilhar na Paralimpíada - mas ninguém vê


>> Três medalhas, um recorde mundial e um parto para encontrar notícias na internet (foto: Globoesporte)



Parece até uma metáfora da vida das pessoas com deficiência. Procure nos portais da internet o último penteado do Neymar e você encontrará dezenas de textos sobre o moleque. Agora tente achar o resultado das competições mais recentes da Paralimpíada ou o quadro de medalhas atualizado. Tudo é mais difícil. Um sofrimento.

O Terra TV, fonte de salvação de quem trabalha à tarde (ok, alguém não?) durante os Jogos Olímpicos, não está transmitindo nenhuma prova das Para. Aquela maravilha moderna de “lance a lance” desapareceu dos grandes sites de notícia. Até blogs especializados são bem mais difíceis de encontrar quando se trata de atletas paralímpicos.

Quem quis - e conseguiu - acompanhar o primeiro dia de competições, viu a delegação brasileira conquistar curiosamente as mesmas medalhas exatas da jornada inicial da Olimpíada, um mês atrás. O debute veio, de novo, do judô com o bronze de Michelle Ferreira. Vinda da repescagem, acabou beneficiada pela contusão da francesa Sandrine Martinet e nem precisou voltar ao tatame para garantir o primeiro pódio do país.

À tarde, o UOL demorou mais de duas horas para perceber, mas teve brasileiro brilhando nas piscinas. André Brasil foi prata na prova que não é sua especialidade, os 200m medley S10, o que nos dá esperança de resultados ainda melhores quando Brasil nadar mais à vontade.

O destaque do dia, porém, não poderia ser outro que não o monstro Daniel Dias. Pulverizou o recorde mundial dos 50m S5 e foi campeão olímpico com um corpo de vantagem - isso considerando que se trata de uma prova de apenas 50m! Voando baixo, Dias subiu nove vezes ao pódio em Pequim. O ouro de hoje foi apenas o começo...

Depois de tudo isso, fica a pergunta: se a Paralimpíada é tão legal, emocionante, contagiante, um exemplo de superação etc porque a cobertura jornalística é tão pobre?


Ps - Dica: o Globo Esporte está fazendo a cobertura mais decente entre os portais. 

domingo, 12 de agosto de 2012

Para que servem as Olimpíadas?



>> Transformar os Jogos em uma busca louca por medalhas de ouro é se desviar de sua essência (Foto: Getty Images)



A Olimpíada acabou. O COB considerou a participação brasileira satisfatória, 95% da população do país achou uma bosta. Os jornais apontam que cada medalha conquistada pelo Brasil custou R$123,5 milhões de reais aos cofres públicos. Na hora de fazer o balanço geral dos Jogos de Londres, uma pergunta vem à cabeça: Para que servem os Jogos Olímpicos?

Se na sua concepção a competição tem como único objetivo dar medalha aos brasileiros, a Olimpíada foi uma grande decepção. Dos 302 pódios desta edição, o Brasil esteve presente em apenas 17 deles: 5,6%. Uma lástima. Afinal, temos um Comitê Olímpico muito bem estruturado, toda verba destinada ao esporte é investida em melhorias nas condições de treinamento para os atletas e todos eles têm o dever de voltar para casa com o ouro. Afinal², todos nós, não-atletas profissionais, jamais cometemos erros no trabalho e, sem sombra de dúvida, somos os melhores do mundo nas nossas profissões.

No entanto, caso você considere a Olimpíada a maior festa da humanidade, dificilmente terá se frustrado nesses últimos 19 dias. Além das 22 medalhas de Phelps (18 de ouro) e da virada do vôlei feminino na final após o 11-25 no primeiro set, os Jogos te dão a oportunidade de ver um atleta estadunidense abraçando um afegão e torcedores dos Estados Unidos (sempre eles) incentivando atletas do seu país lado a lado com espectadores do Irã. E um cara biamputado competindo entre os melhores do mundo. E todas as atletas do heptatlo dando a volta olímpica de mãos dadas no fim das sete provas.

Então, decida-se. Se quer ver o Brasil arrasar adversário, dê ibope a jogos de futsal. Olimpíada é união dos povos, é superação de limites, a busca pela perfeição. O esporte é só uma desculpa.

Exemplo de esportista, Yane Marques conquista bronze espetacular



>> Última prova de Londres nos rendeu a 17a medalha - e uma nova heroína olímpica (foto: Reuters)



Ela vem de uma cidadezinha no interior de Pernambuco e pratica um esporte que não possui estrutura, incentivo ou reconhecimento de público algum no Brasil. Mesmo assim, Yane Marques é medalhista olímpica. Se a trajetória dessa atleta não é exemplo de superação e de que o esporte ainda vale a pena, eu não sei o que é.

A conquista de Yane deve ser ainda mais valorizada porque nem mesmo a reduzidíssima parcela da população que sabe o que diabos é um pentatlo moderno levava muita fé na esportista. Apesar de ser a 3a colocada no ranking mundial, a pernambucana de Afogados da Ingazeira jamais havia subido ao pódio numa grande competição. Ficava sempre ali, no "quase" - foi sexta no Mundial deste ano, sétima ano passado e novamente sexta em 2010. Fez a melhor prova da vida justamente quando mais precisava.

Não há forma melhor de fechar uma campanha olímpica. Essa é a essência dos Jogos. Na hora da competição, não importa patrocínio, mídia, pressão ou o escambau. São atletas que vivem do esporte e querem fazer o seu melhor. Yane conseguiu. Nossa nova heroína olímpica.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Sensações caem, veteranos seguem na luta


>> Handebol e basquete brasileiros esbarram em favoritos enquanto vôlei não perde a majestade (foto: UOL Esporte) 



Entra Olimpíada, sai Olimpíada e o vôlei segue sendo nosso carro-chefe nos esportes coletivos. Londres até deu pinta de que seria diferente com uma primorosa fase de classificação no handebol feminino e no basquete masculino - e com um início simplesmente pavoroso das meninas do vôlei. No entanto, as quartas de final puseram ordem na casa. A Noruega, numa virada sensacional, tirou o sonho das moças do hande enquanto a Argentina, sempre ela!, levou a vaga nas semis no lugar nos comandados de Ruben Magnano.

O começo da partida contra as atuais campeãs mundiais foi irreal: as brasileiras jogavam o fino da bola, as escandinavas estavam perdidas em quadra e a vantagem a nosso favor só crescia - a frente chegou a ser de seis gols no segundo tempo. Porém, como nos contos de fada, o encanto acabou. A defesa das adversárias passou a funcionar e a seleção brasileira se apavorou. O time foi guerreiro, lutou, mas no final das contas, prevaleceu a evidente superioridade nórdica. Uma pena.

Já o basquete masculino... Ah, esse adora nos fazer sofrer. “Por que não perdem de 30 pontos logo de cara?”, devem pensar alguns. Mas não. O jogo foi tenso, como sempre, mas a vantagem foi argentina... como sempre. Os brasileiros chegaram a dar esperanças de um final feliz ao encostarem no marcador faltando dois minutos para o fim. Nada feito. Triunfo dos hermanos e cabeça erguida para uma seleção que até poucos anos não possuía qualidade nem emocional para disputar uma Olimpíada e saem agora “decepcionados” por terem caído antes das semis.

Já o vôlei masculino deve estar feliz da vida: fizeram o básico e despacharam os vizinhos argentinos, e ainda assistiram de camarote à eliminação do maior adversário na luta pelo tri campeonato: os Estados Unidos. Com outra queda inesperada (da Polônia, algoz dos brasileiros na Liga Mundial), o lugar mais alto do pódio parece mais perto do que nunca. Veremos...

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Rússia 2 x 3 Brasil: O melhor jogo das nossas vidas


>> Brasileiras se vingam de derrotas passadas, viram partida equilibradíssima e lavam a alma (foto: Fivb)



Quarto set da partida de quartas de final da Olimpíada. Logo no início da parcial, as russas, atuais campeãs mundiais e líderes do grupo na fase classificatória, abrem 4 pontos de vantagem sobre as tadinhas das brasileiras, que suaram sangue para avançarem ao mata-mata. Sinceramente, achei que o sonho da sexta semifinal olímpica seguida terminava ali. Graças a Deus, não.

E graças a vários seres humanos também. Zé Roberto, com sua notória sabedoria, promoveu inversões que em certos momentos nos deram sobrevida no set, e quando não funcionaram, foi sábio o suficiente para voltar com as titulares. Dani Lins - quem diria! - foi um anjo que caiu do céu. Soube usar muito bem o meio, coisa que Fernandinha, infelizmente, não havia conseguido nos Jogos. E, nas horas de aperto, fez o que era necessário: meteu bola para Sheilla, um monstro na partida de hoje, com 27 bolas no chão.

Melhor do que a vitória pura e simples foi a forma como ela veio: a seleção que se via em maus lençois ali no primeiro parágrafo teve forças para reagir e levar a decisão para o tie break. E QUE TIE BREAK. O placar chegou a apontar 13 a 10 para o Brasil e o narrador do Terra já falava como se o set estivesse garantido. Eu discordava. Do outro lado, havia outros monstros: Goncharova (25 pontos), Gamova (25) e, principalmente, Lioubov Sokolova (28). Graças a esta última, a Rússia reagiu incrivelmente e passou à frente no marcador: 14 a 13.

Embora eu tentasse não pensar, era difícil não vir à tona a sensação de "não acredito que as russas vão virar no fim de novo" (lembranças amargas de Atenas-04 e Mundial-10). Mas hoje não. Hoje foi a vez do Brasil (mais precisamente da Sheilla) salvar SEIS match points russos. Na primeira oportunidade brasileira de fechar a partida, BAM!, ataque de Fabiana. 21 a 19. Incrível. Nossa seleção vence fantasmas do passado, mostra poder de reação e cala a boca dos críticos após início pífio nas Olimpíadas. No melhor jogo da vida delas.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Esportes coletivos brasileiros jogam a vida nas quartas



>> Vôlei e hande femininos enfrentam campeãs mundiais. Basquete quer se consagrar (foto: France Press)



A vida não será nada fácil para as equipes brasileiras que iniciam a fase de quartas de final nesta terça (07). Enquanto o handebol feminino tenta, pela primeira vez na história, figurar entre as quatro melhores seleções do planeta, o vôlei feminino quer apagar a primeira fase desastrosa e voltar às semis olímpicas.

Nenhuma das equipes, porém, terá partida fácil no mata-mata. A Noruega, campeã mundial em dezembro passado, ainda não mostrou seu melhor jogo - tanto que passou apenas na 4a colocação.O Brasil, por sua vez, tem até agora uma participação história, coroada com a liderança do grupo. Daqui para frente, no entanto, quem perder está fora. Jogo duro e favoritismo norueguês. Nunca se pode menosprezar o atual campeão olímpico.

É o que a seleção feminina de vôlei da Rússia deve estar pensando. Gamova, Sokolova e cia venceram todas as partidas até aqui, mas deram azar de encarar logo nas quartas o mesmo time que encantou o mundo em Pequim: nós. O jogo promete muita emoção, aliada à qualidade das jogadoras e à rivalidade que já vem de longa data. Se jogarem o que sabem, as comandadas de Zé Roberto sofrem, mas passam.  

Os homens também lutam - O basquete masculino tem missão semelhante à das meninas do hande: (re)colocar o nome do país, finalmente, entre os grandes. A tarefa, de novo, é árdua. Os argentinos, ouro em Atenas-04, serão nossos adversários. Nos embates recentes, tivemos a épica vitória brasileira no pré-olímpico lá na Argentina ano passado e a revanche deles dias depois, além de amistosos semanas antes dos Jogos. Ou seja, confrontos equilibrados, com vitórias para os dois lados. Que vença o melhor. Que vença o Brasil.

Sem pressão, Zanetti conquista ouro histórico para ginástica do Brasil


>> Primeiro pódio em Jogos vem de ginasta não-badalado. Que bom.

 

Fale bem a verdade: você acharia que o ginasta Arthur Zanetti seria campeão olímpico? Aliás, você sabia quem ele era na noite de ontem? Pois a conquista desta manhã coroou o trabalho não só do jovem paulista, como o de toda uma classe de esportistas brasileiros: os talentos desconhecidos.

Daiane e Diego chegaram com toda pompa e com o peso do país nas costas nas edições de 2004 e 2008, respectivamente. Falharam. Dessa vez, porém, Arthur veio livre, leve e solto. Vice-campeão mundial, sim, mas sem a maldita pressão por um pódio. E taí o belo resultado: a primeira medalha na história da ginástica brasileira nas Olimpíadas não veio da família Hypólito nem da gauchinha que inventou um novo salto. O ouro é dele, Arthur Zanetti, 22 anos, o pequeno notável (1,56m). Orgulho nacional. Que venham mais.



domingo, 5 de agosto de 2012

Deu tudo errado. Para o mundo todo.


>> Decepções (e surpresas) acontecem com  atletas de todo país. Superem isso (foto: Lancenet)



O vento levou a Murer, Cielo nadou pior do que na classificatória, Guilheiro lutou mal pra caramba e ficou longe do pódio. A eterna promesa Diego Hypólito caiu de cara e o campeão mundial do boxe Everton Lopes caiu nas oitavas. Nossos dois únicos ouros garantidos (Scheidt/Prada e Cielo nos 50m) viraram bronze. Os atletas brasileiros têm sérios problemas emocionais na hora da decisão e tem algo de muito errado acontecendo com nosso país?

Não. A Olimpíada é uma competição louca em que centésimos de segundo de desatenção custam quatro anos de sacrifícios e dedicação. Muitos favoritos - mas muitos mesmo! - decepcionam e alguns deles concidem de serem brasileiros. O mega campeão Kenenisa Bekele ficou apenas em 4° lugar na prova dos 10 mil metros. O tenista sérvio Djokovic, que vem de 2011 praticamente perfeito e um 2012 promissor, também teve que se contentar com a 4a colocação.

Querem mais?

Atuais campeões olímpicos, os estadunenses Rogers e Dalhausser foram eliminados numa precoce oitava de final. Até o falastrão James Magnussen não confirmou o favoritismo nos 100m livres e sequer conseguiu se classificar para a final dos 50m, em que Cesão "decepcionou" o país ao ser bronze.

Ou seja, os brasileros favoritos deveriam ter ido melhor. Só que todos os países possuem aqueles "ouros garatidos" que não vieram. E, além disso, sempre surgem uns pódios surpreendentes. Sarah Menezes não era a judoca mais esperada para subir no lugar mais alto do pódio. Nem Felipe Kitadai, muito menos Thiago Pereira, estavam bem cotados pra medalhar. E deu no que deu.

O vôlei feminino, que agoniza e torce como nunca para os arquirrivais EUA hoje, pode ser eliminado na primeira fase. Talvez nenhuma dupla do vôlei de praia seja campeã em Londres. Por outro lado, há a possibilidade, por que não?, do boxeador Esquiva Falcão chegar à decisão olímpica. Ou do desacreditado taekwondô brasileiro trazer duas medalhas para casa. E essa é a magia dos Jogos.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Bernardinho e seus comandados ressuscitam e nos dão esperanças de tri


>> Vitória sobre russos por 3 a 0 apaga frustração da Liga e põe vôlei masculino como favorito ao ouro (foto: Fivb)



Menos de um mês atrás, a seleção masculina de vôlei passava pelo seu pior momento nos mais de 10 anos do reinado de Bernardinho. A derrota pífia na Liga Mundial ante os cubanos, que sequer se classificaram para Londres, preocupou todos os torcedores (e até o próprio técnico): o encanto tinha acabado? A bela vitória de ontem diante da forte Rússia em sets diretos mostrou que não. E mais do que isso: o Brasil é agora favorito ao tricampeonato olímpico.

Não apenas a equipe brasileira voltou a apresentar o voleibol decente que dominou a modalidade na década passada, como também nenhum outro adversário do Brasil mostrou um vôlei exuberante. A Polônia, campeã incontestável da Liga Mundial, já escorregou contra a Bulgária. Os Estados Unidos vêm bem, mas não possui mais a qualidade e o fôlego de quatro anos atrás, quando foram ouro. Da Rússia, nem se fala.

No mais, Sérvia e Itália dão a sensação de que já tiveram equipes melhores. Argentina é para 2016. Bulgária deve lutar pelo pódio, sem muita força para chegar ao lugar mais alto. O resto só faz figuração. No fim das contas, quem para o Brasil? Espero que ninguém.

A Olimpíada dos coadjuvantes que viraram protagonistas



>> Eles são jovens e desconhecidos. E campeões olímpicos na natação (foto: Reuters)



Ruta Meilutyte, Allison Schmitt, Chad le Clos... Quem se voltou às atenções ao Centro Aquático de Londres na esperança de ver a consagração de nomes famosos deve estar surpreso ao acompanhar ilustres desconhecidos desbancarem antigos figurões. Sobrou até para o agora recordista de medalhas Michael Phelps.

A lituana Ruta, de apenas 15 anos (!), já havia assombrado os deuses olímpicos ao registrar o 8° melhor tempo da história logo nas eliminatórias dos 100m peito (e a melhor marca sem os trajes tecnológicos). Faltava, porém, a consagração. Afinal, nadar bem na 1a fase todo mundo nada. Mas a adolescente foi lá, garantiu o ouro na final e deixou as demais nadadoras - com idade para ser sua mãe - a ver navios.

Na final dos 200m livres, uma bizarrice. Todas as atenções estavam voltadas à recordista mundial Federica Pellegrini e à sensação estadunidense Missy Franklin (de novo, 15 anos). Entretanto, outra sobrinha do Sam (sério, daonde elas brotam?), comendo quieta, abriu um corpo de vantagem na segunda piscina e, bam!, ouro para Allison Schmitt com quase 2s de diferença para a segunda colocada. E nada de Missy ou Federica no pódio.

Até Michael Phelps, tadinho, sentiu a força dos coadjuvantes que viraram protagonistas - e nem estamos falando de Thiago Pereira. Estava tudo pronto para o estadunidense conquistar seu primeiro ouro individual em Londres, só esqueceram de avisar um certo garoto sul-africano de apenas 20 anos. Phelps, quem diria, "morreu" no fim dos 200m borboleta e viu Chad Le Clos ultrapassá-lo no finzinho da prova - 1:58.96 contra 1:59.01.

Esperamos que nos 50m livre não haja nenhuma zebra, certo, César Cielo?

terça-feira, 31 de julho de 2012

Como e por que a imprensa esportiva não sabe o que é um handebol


>> A qualidade do handebol brasileiro em Londres está alta; já a de quem comenta e escreve sobre o esporte...



A vitória da seleção brasileira feminina de handebol por 27 a 25 frente Montenegro definitivamente lhe deu moral para chegar forte na disputa por medalhas. No entanto, se nossas atletas já estão entre as melhores do mundo, os jornalistas esportistas do país ainda têm muito o que aprender para alcançarem esse nível.

Na notícia sobre a partida no site da Gazeta do Povo, houve confusão entre 'lance livre' e 'tiro de sete metros' - algo que qualquer moleque de 14 anos, mesmo que não pratique basquete, sabe muito bem a diferença. O portal Terra foi mais longe e apresentou mais problemas geográficos do que espotivos: trocou 'Montenegro' por 'Macedônia' não só no título como no texto todo. A cereja do bolo foi o narrador que cravou "ainda bem que no handebol não tem escanteiro". Tem sim, cara, mas só quando o desvio é na defesa e não no goleiro.

Não saber todas as regras do tiro com arco ou até quando vai um set de badminton até vai. Mas handebol...! Esses jornalistas nunca tiveram aula de Educação Física no colégio? Bem, estou me formando e quem souber de vaga de setorista de handebol, estamos aí.

Ps: Ambas as matérias mencionadas no texto já foram devidamente corrigidas. No dia seguinte.

Lições nas piscinas


>> Lochte não é Phelps, Phelps não é mais Phelps, Magnussen é Magnussen (foto: Getty Images)


Por Bruno Zermiani

A disputa dos 4x100m livre e dos 400m medley deixa duas lições bem importantes para a natação mundial. A primeira e tão clara quanto as águas do parque aquático de Londres é que Michael Phelps não é mais aquele Michael Phelps. O desempenho do super campeão na prova individual foi quase triste comparado com ele mesmo, quatro anos atrás.
Em Pequim, Phelps levou o ouro e quebrou o recorde mundial da prova, cravando 4:03:84 no relógio. Neste ano, 4:09.28. Seis segundos de diferença. Melhor para o japonês que ficou em terceiro e pro Thiago Pereira, que foi sensacional e pegou a prata pra gente. Ryan Lochte nadou uma prova particular e levou seu primeiro ouro na competição.

Mas o mesmo Lochte nos deixa a segunda lição dessas Olimpíadas: a de que ele não é Michael Phelps. É muito bom, vai ganhar um monte de medalha, mas não é aquele fenômeno. No revezamento 4x100m livre, os EUA dominaram toda a prova – Phelps até foi bem. Nos últimos 100 metros, era a vez de Lochte, que pulou na piscina com um corpo de vantagem para a equipe francesa. Mesmo assim, deixou o ouro escapar.

Ressalte-se, obviamente, a prova espetacular dos franceses, especialmente a de Yannick Agnel, que não tomou conhecimento de Lochte. Pra quem esperava um monopólio entre EUA e Austrália, ouvir a Marselhesa na entrega das medalhas foi um pouco estranho. Vamos ver se, assim como Lochte, James Magnussen, dono do melhor tempo do ano nos 100m livres, que amargou o quarto lugar com a Austrália e foi outra decepção na prova, ainda mostra a que veio.  

segunda-feira, 30 de julho de 2012

A difícil arte de reconhecer que seu adversário é superior


>> Por mais que tenham tentado, vôlei e basquete femininos do Brasil sucumbiram diante de equipes melhores (foto: Fivb)



O dia não foi dos melhores para os esportes coletivos do Brasil. No entanto, antes de crucificarmos as substituições de Zé Roberto ou as armações de jogada de Adrianinha, reconheçamos: Rússia, no basquete, e Estados Unidos, no vôlei, são melhores do que nós. E ponto.

A partida de vôlei (se você não sofreu assistindo, foi 3 a 1 para os EUA) remeteu às batalhas dos anos 90 diante da seleção cubana: Brasil sua para fazer um mísero pontinho e diminuir a vantagem das adversárias enquanto as americanas vão lá e bam!, cravam os ataques na nossa quadra. Embora as brasileiras tenham ao menos equilibrado o jogo nos 3° e 4° sets (após um atropelo sem dó nas duas primeiras parciais), a triste realidade é que o time de Hugh Mc Cutcheon está um patamar acima do nosso. Claro que, se tudo der certo e as duas seleções se reencontrarem na final olímpica, o Brasil tem condições de sair vencedor. Porém, terá que jogar como nunca. Na verdade, jogar como em 2008.

No caso das meninas do basquete, voltar a 2008 não basta. Já faz uma boa década que o pódio em grandes competições não vem - e, infelizmente, não será dessa vez. Como uma Érika só (e seu belo double-double: 15 pontos e 18 rebotes) não faz verão, a superioridade técnica da Rússia acabou prevalecendo: 69 a 59. E não tem problema, elas são melhores. Só precisamos aprender a vencer equipes melhores que as nossas. Tem como.


domingo, 29 de julho de 2012

Falem do Thiago Pereira agora


>> Rei do Pan, nadador surpreende críticos malas com prata na Olimpíada; faltou pouco para Bellucci (foto: Jornal do Brasil)



Brasileiro chato adora falar mal de coisas de que não entende bem. E Thiago Pereira é uma dessas coisas. O Mister Pan só não é o esportista mais criticado do país porque Rubens Barrichello e Thomaz Bellucci (‘wait for it’) existem. Porém, toda essa pegação no pé agora não tem mais justificativa: Thiago Pereira é prata nos 400m medley em Londres, batendo, inclusive, o todo-poderoso Michael Phelps. É bom ou querem mais?

Se quiserem, esperem os 200m medley, que, em tese, é a especialidade do brasileiro. Mesmo na prova em que ele não é tão forte assim, Thiago mostrou que todos esses anos de treino e dedicação (além da paciência com as críticas de que é uma nadador “de Panamericano”) não foram em vão. Lochte foi ouro com sobras, Phelps finalmente decepcionou e o “patinho feio” do Brasil abocanhou sua primeira medalha olímpica da vida. Quem sabe não vem mais uma nos 200?

Bellucci fica no ‘quase’ - No tênis, o famigerado do momento bem que tentou, mas não conseguiu superar o francês Tsonga, sexto do mundo. Após vitória no primeiro set, o brasileiro até manteve o bom nível de jogo. Porém, não foi o suficente para superar o favoritismo do tenista 34 posições à frente da sua. Queria colocar como título “Falem do
Thiago Pereira e do Bellucci agora”, mas fica para a próxima...

quinta-feira, 26 de julho de 2012

"Tá chegaaaando a hoora"

>> Tweet infeliz e vitórias brasileiras no futebol marcaram a última semana antes da abertura dos Jogos (foto: AP Photo)



Não dá mais para dizer que a Olimpíada de Londres "está quase chegando". Ela já entrou, passou pela sala e está na cozinha procurando algo na geladeira. O futebol, aquele esporte estranho parecido com o handebol, mas jogado com os pés num campo semelhante ao de rúgbi, já estreou, e com vitórias brasileiras. De resto, uma grega atraiu as atenções.

O causo mais polêmico foi a exclusão da tal triplista Voula Papachristou por conta de seu tweet "racista": Com tantos africanos na Grécia... os mosquitos que vêm do oeste do Nilo pelo menos vão comer comida caseira". Alegou-se que a atleta "não possui o espírito olímpico" e, portanto, não merece participar dos Jogos. Sério mesmo? Tudo bem que a piadinha da moça foi bem sem graça, mas ela merecia mesmo ser proibida da maior festa da humanidade? Não.

Eu daria um pito, diria para ela se manter longe das redes sociais durante o competição e bola pra frente. Voula já se desculpou a todos que se sentiram ofendidos e está compreensivelmente confusa com tudo que aconteceu. Foi só uma piada sobre o que ela vê no país dela. A coisa errada aí é todo mundo querer patrulhar para ver se acha racismo em qualquer coisa.

Futeba - Nesta quarta (25), as eternas candidatas ao pódio fizeram jus à moral que têm: Marta e cia meteram 5 a 0 nas pobres camaronesas. No dia seguinte, os homens deram a impressão de que seguiriam os passos das moças e abriram 3 a 0 no primeiro tempo. Depois do intervalo, porém, a sorte virou e por pouco os egípcios não empataram a partida. Melhor para nós, que mesmo antes da abertura das Olimpíadas já computamos duas vitórias, e 100% de aproveitamento.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Handebol feminino chega a Londres com status nunca antes visto


>> Após 5° lugar no Mundial de 2011, Brasil quer o pódio nas Olimpíadas. High five! (foto: Handebol Brasil)



Um mísero gol separou a seleção brasileira feminina de handebol das sonhadas semifinais do Campeonato Mundial ano passado, sediado aqui no Brasil. Tido como zebra da competição, o time só melhorou nesses seis meses. E se depender da qualidade e da motivação das atletas - aliadas aos bons resultados que a equipe conseguiu nos amistosos preparatórios -, o pódio em Londres não é um sonho tão distante quanto você pensa.

A equipe chegou nesta segunda-feira (23) à capital inglesa e já de cara percebeu que os tempos são outros. "Depois do Mundial, realmente o assédio do público foi bem maior. Em função disso, as pessoas passaram a acompanhar mais o nosso trabalho", conta a pivô Dara. Enquanto antes a mídia mal se ocupava desse esporte estranho que é tipo um futsal com as mãos, agora o tratamento melhorou. Pesquise nos portais esportivos da internet: todos noticiaram a chegada da equipe ao palco dos Jogos e ressaltaram as chances de medalha. Que fase, hein!

Mais do que pura empolgação de público e crítica, a seleção vem embalada pelos próprios resultados recentes. Além da inédita quinta colocação no Brasil-11, a equipe conquistou importantes vitórias em partidas preparatórias: 30 a 23 e 27 a 20 contra a Alemanha e 39 a 28 e 28 a 21 contra a Holanda. Nenhuma dessas seleções estará nos Jogos, mas fazem parte da nata europeia do handebol (no Mundial, as alemãs conseguiram vencer a Noruega, que viria a conquistar o título). No início do ano, o Brasil empatou duas vezes justamente contra as norueguesas, atuais campeãs olímpicas e mundiais. Meses depois, foi a vez das sul-coreanas, bronze em Pequim-08. Melhor para as brasileiras: 26 a 25 e 27 a 26.

O Brasil está no grupo em tese mais fraco na Olimpíada e joga contra Rússia, Croácia, Montenegro, Angola e Grã-Bretanha. Se tudo correr bem, classifica em 2° e faz, assim como ano passado, o jogo da vida nas quartas de final. Esperamos que dessa vez a vantagem de um gol seja a nosso favor.

Ps: Para você que ficou curioso, a Espanha venceu aquela partida das quartas de final contra o Brasil por 27 a 26. Com o jogo empatado, as brasileiras tiveram o ataque para definir a vitória, mas perderam a bola e viram as rivais marcarem no contra-ataque e se classificarem. Estatísticas da partida aqui.


sábado, 21 de julho de 2012

Pré-Londres: Murer é 5a colocada em competição estranha


>> Na última prova antes das Olimpíadas, Fabiana Murer decepciona - assim como todas as demais rivais (foto: Agif Press)



É a clássica situação: temos uma notícia boa e uma ruim. A ruim é que a candidata ao pódio no salto com vara, Fabiana Murer, foi mal e ficou apenas no 5° lugar na última competição antes das Olimpíadas de Londres. A boa é que todo mundo também foi mal.

Enquanto a brasileira não conseguiu superar a pífia marca de 4,54m no GP de Mônaco, a cubana Yarisley Silva ficou com a medalha de prata com um salto não menos pífio: 4,62m. Com esse resultado, por exemplo, a caribenha seria apenas a 10a colocada no Mundial do ano passado, em que Murer foi ouro.

Para completar, a estrela Yelena Isinbayeva zerou a prova, já que falhou nas três tentativas em 4,70m. Bicampeã olímpica, a russa repetiu a façanha do Mundial de 2009, quando também decidiu iniciar os saltos numa altura superior às adversárias e acabou em último, sem superar o sarrafo em nenhuma oportunidade.

Com tantas peculiaridades, a mais recente etapa da Liga de Diamante não serviu muito como termômetro para as Olimpíadas. A alemã Silke Spiegelburg alcançou a melhor marca do ano: 4,82m, mas o resultado não a torna favorita absoluta ao título, apenas a mantém no grupo das candidatas. E apesar do péssimo resultado desta semana, Isinbayeva continua sendo a única mulher na história a ultrapassar a barreira dos 5 metros. Seu histórico recente mostra que ela tem possibilidade tanto de repetir a façanha quanto de zerar a final olímpica.

Já a situação de Fabiana Murer, ainda líder da temporada, permanece inalterada. A paulista já saltou 4,77m neste ano, marca que, em tese!, lhe garante uma medalha. Na carreira, superou os 4,85m justamente quando se sagrou campeã mundial, em 2011. Para Londres, disse que deseja superar os 4,90m e voltar para casa com a medalha dourada. Que assim seja.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Iziane: Ruim com ela, pior sem ela


>> Corte da ala mostra que nada é tão ruim que não possa piorar (foto: UOL)



Se antes havia a dúvida se já era hora de largar os bets com a seleção feminina de basquete, agora nem vale a pena levar os tacos e as casinhas para a beira da praia. Iziane, a jogadora que em tese levaria o time nas costas em Londres, foi cortada por indisciplina e não participará da Olimpíada.

O que realmente aconteceu entre a atleta, Hortência e demais dirigentes do esporte talvez jamais será conhecido por nós, pobres torcedores. A verdade é que Iziane já vinha dando dor de cabeça para os técnicos da seleção (ela inclusive já ficou de fora da Olimpíada passada por desentendimentos do tipo) e por isso a notícia do desligamento, mesmo que a uma semana dos Jogos, não chega a ser tão surpreendente.

Agora a equipe de Tarallo que já sofria tecnicamente com Iziane terá que se superar dia após dia para não passar muita vergonha em Londres. Erika e Damiris, nossas estrelas do garrafão, terão que fazer mágica para que a bola chegue até elas. Adrianinha, armadora titular, precisará jogar tudo e mais um pouco para articular um time que sente muita falta de alas de qualidade (ai, que saudades de magic Paula).

Por mais que Iziane não seja um exemplo de atleta (loonge disso!), sua ausência será muito sentida numa equipe que, com ela, já era limitada. Se o corte em cima da hora é justificado ou não, sabe Deus. O fato é que, sem a ala, o Brasil passa a lutar pau a pau com Canadá e Grã-Bretanha pela quarta colocação no grupo da primeira fase na Olimpíada. Que fase...

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Bancando a Mãe Dináh


>> Previsões olímpicas são divertidas e nos dão a enganosa sensação de prever o futuro (foto: Reuters)



Seis, sete, oito ouros... Quem dá mais? A uma semana do início das Olimpíadas, pululam previsões de medalhas para as provas olímpicas. Se depender da mídia internacional, nossos atletas farão bonito no Reino Unido. A mais esperada projeção, da revista estadunidense “Sports Illustrated”, dá incríveis 23 medalhas ao Brasil - praticamente a soma do que o país conquistou nas duas últimas edições. Oito delas de ouro.

Outro periódico que se arrisca nos palpites olímpicos é o “USA Today”. O jornal de maior circulação dos Estados Unidos, porém, vai mais além e regularmente “atualiza” sua distribuição de medalhas. Segundo a última parcial, atualizada em 11 de junho, o Brasil subiria a 17* pódios, sete deles no lugar mais alto.

Dentre esse mar de pitacos, os dois ouros brasileiros que são unanimidade vêm das águas: Cesar Cielo nos 50m livres e a dupla Robert Scheidt e Bruno Prada na classe Star. De resto, revezam-se os vôleis e uns ou outros sonhos mais altos como Fabiana Murer ou Everton Lopes. O judô sempre cumpre o papel de ser a máquina de pratas e bronzes enquanto a natação aparece como esperança de pódios menos óbvios como Felipe França, Bruno Fratus ou Poliana Okimoto.

O Comitê Olímpico Brasileiro, por sua vez, adotou uma política mais conservadora e diz que o objetivo é igualar a marca (bem mediana, diga-se de passagem) de 15 pódios da edição passada. Porém, até o próprio Cielo já admitiu em entrevista que a delegação deve ultrapassar esse número.

E você? Acredita em surpresas, em decepções dos favoritos, no futebol masculino? Comente!


Sports Illustrated: 8 ouros - 5 pratas - 10 bronzes (23)

Ouros: Everton Lopes (boxe), Futebol Masculino, Diego Hypolito (ginástica), Sarah Menezes (judô), Cesar Cielo - 50m (natação), Scheidt/Prada (vela), Vôlei Feminino e Juliana/Larissa (vôlei de praia).

Pratas: Fabiana Murer (atletismo), Leandro Guilheiro (judô), Felipe França (natação), Vôlei Masculino e Emanuel/Alison (vôlei de praia).

Bronzes: Robson Conceição (boxe), Myke Carvalho (boxe), Futebol Feminino, Leandro Cunha (judô), Rafael Silva (judô), Érika Miranda (judô), Rafael Silva (judô), Mayra Aguiar (judô), Cesar Cielo - 100m (natação) e Natália Falavigna (taekwondô).

USA Today: 7 ouros - 5 pratas - 5* bronzes (17*)

Ouros: Fabiana Murer (atletismo), Everton Lopes (boxe), Futebol Masculino,  Cesar Cielo - 50m (natação), Scheidt/Prada (vela), Vôlei Masculino e Juliana/Larissa (vôlei de praia)

Prata: Arthur Zanetti (ginástica), Sarah Menezes (judô), Leandro Guilheiro (judô), Vôlei feminino e Alison/Emanuel (vôlei de praia)

Bronze: Esquiva Falcão (boxe), Jade Barbosa* (ginástica artística/salto); Rafaela Silva (judô), Mayra Aguiar (judô) e Maria Elisa/Talita (vôlei de praia).

* A última previsão do "USA Today" ainda incluía a ginasta Jade Barbosa, que não participará dos Jogos.

Nadal fora de Londres


>> Ex-futuro porta-bandeira da Espanha deixa caminho livre para Federer e Djokovic (foto: AFP)


Não deixa de ser surpreendente a notícia de que o tenista Rafael Nadal, atual campeão olímpico, não defenderá seu título nos Jogos de Londres. O próprio anunciou a decisão: "Não me encontro em condições para competir nos Jogos Olímpicos de Londres e portanto não viajarei com a delegação espanhola. Esse é um dos momentos mais tristes da minha carreira".

E agora, o caminho está todo livre para os líderes do ranking da ATP Roger Federer (voltando ao lugar mais alto após longa ausência) e Novak Djokovic duelarem pela medalha dourada. Mas e o Andy Murray?, alguém pode estar se perguntando. Afinal, ele é o quarto melhor tenista do mundo e jogará diante de sua torcida. Não tem chance?

Não.

Bons tempos (não sei se melhores, mas com certeza diferentes) em que o 76° do ranking chegava à final de Grand Slam ou que o cabeça de chave número 2 caía na primeira rodada. O que temos para hoje são três (dois, em Londres) tenistas sensacionais, geniais, num patamar muito superior aos mortais, que completam o top-10.

Claro que tanto o suíço quanto o sérvio podem tropeçar na grama sagrada de Wimbledom. Mas, sinceramente, acho muito difícil que outro atleta consiga se infiltrar nessa final olímpica. Mas e o Andy Murray?, você se pergunta novamente. Bronze para ele.


quarta-feira, 18 de julho de 2012

Ying e Yang olímpicos

>> Os dois principais atletas brasileiros em Londres são completamente opostos. Qual você prefere? (foto: R7)



Um já é campeão olímpico e recordista mundial. O outro participa da primeira competição em nível mundial defendendo o país. Ambos são favoritos ao pódio olímpico e possuem as carinhas mais reproduzidas no país quando se fala da Olimpíada de Londres. César Cielo e Neymar. Enquanto o nadador é um poço de introspecção e nem entrevista mais concede, o futebolista adora uma propaganda e até à Câmara já foi se exibir. Com qual você mais se identifica?

Se analisarmos os serviços prestados à nação, Cesão dá um banho em Neymar. Ouro nos 50m livre e bronze nos 100m em Pequim, Cielo ainda foi campeão mundial nas duas distâncias em 2009 e repetiu a façanha nos 50m ano passado, além de ser o atual recordista mundial de ambas as provas. E Neymar? Bem... ele conquistou três Campeonatos Paulista seguidos de futebol por um time do litoral de São Paulo. E, ok, uma Copa do Brasil e uma Libertadores. Mas nenhum título pela seleção.

Agora levando em conta o dom de explorar a imagem para ganhar dinheiro... Aí não tem pra ninguém. Faça um teste simples: abra uma revista qualquer e preste atenção nas propagandas. Duvido que você chegue à contracapa sem encontrar o menino Neymar tentando te convencer a comprar cuecas ou mudar de telefonia celular. Se você tiver o suplemento especial sobre as Olimpíadas da "Veja", melhor ainda. Quem estampa a capa? O próprio. Cielo, por outro lado, nem quis participar dos ensaios fotográficos com os atletas olímpicos.

E, por fim, a cobrança é diferente. Para o pessoal da natação, a Olimpíada é o momento máximo da consagração (ou não). Se Cielo voltar para casa de mãos abanando, será uma tragédia. Já no caso do futebol, o que importa mesmo é a Copa do Mundo no Brasil, daqui a dois anos. Caso a selação não suba ao pódio em Londres, beleza, será apenas mais uma geração a fracassar nos Jogos Olímpicos. E, afinal, Neymar não precisa mais provar nada a ninguém. Já conquistou três Paulistas seguidos.

Agora vai?

>> Seleção masculina de futebol é, novamente, uma das favoritas ao ouro, mas precisa espantar de vez o fantasma da responsabilidade (foto: Golazo Deportivo)



É um bom time, a seleção de futebol que vai representar o Brasil nessas Olimpíadas. Não
passamos nem de longe pela nossa melhor fase, mas temos boas promessas. E o torneio
masculino de futebol nos Jogos Olímpicos não passa disso: confrontos entre promessas. Oscar,
Damião, Rafael, Sandro, Pato e Ganso são titulares, ou quase isso, em seus times – no Brasil
e na Europa. Sem contar Neymar. A estrela do Santos nunca foi na seleção o que é no Peixe – ou o que a mídia pinta que é. Chegou a hora.

Os três jogadores escolhidos por Mano com idade superior a 23 anos são jovens também, mas
podem representar facilmente um porto seguro para a imaturidade do resto do time. Marcelo
é o melhor lateral esquerdo do mundo, e é titular de um dos dois melhores times do planeta.
Hulk foi eleito o melhor jogador do último campeonato português, e Thiago Silva praticamente
dispensa apresentações: também um dos melhores do mundo em sua posição, foi titular por
dois anos do Milan. Experiência não falta.

Não tem segredo. Mano teve a oportunidade de fazer amistosos de peso com a base dessa
seleção. No maior deles, contra a Argentina, o time brasileiro, praticamente todo olímpico, se
portou bem. Não chegamos à vitória, mas o jogo foi parelho contra uma seleção recheada de
craques – um deles o maior de todos atualmente. Somos competitivos.

E somos, sim, favoritos. A Espanha tem um time mais consistente, até por se preocupar
mais com a formação dos seus jogadores do que a gente, e o Uruguai passa por seu melhor
momento em muito tempo, além de contar com Cavani e Suarez lá na frente. O Brasil se junta
a essas duas seleções como candidato ao título.

Isso só significa mais responsabilidade, e essa mescla entre obrigação de vitória e juventude
parece nos atrapalhar. Ter a obrigação de ganhar sempre foi um empecilho para o futebol
brasileiro no caminho do ouro olímpico. Mas não o único. Uma hora precisamos parar com a
mania de achar que fomos nós que perdemos, e não os outros que ganharam. Se perdemos
antes, os outros foram melhores de alguma forma.

Temos qualidade e temos um time razoavelmente montado. Dá pra ganhar.

(texto: Bruno Zermiani)

terça-feira, 17 de julho de 2012

Dessa vez não morreremos na praia

>> Vôlei de areia será o esporte mais forte do Brasil em Londres; duplo ouro é provável (foto: Fivb)



100% de aproveitamento. Esse é o sonho (possível) do vôlei de praia brasileiro em Londres. Agora que a Federação Internacional organizou a tabela olímpica para que não ocorra uma final entre duplas do mesmo país (lembram de Jackie Silva/Sandra Pires contra Mônica/Adriana Samuel em Atlanta-96?), o melhor desempenho possível de uma nação será conseguir quatro medalhas: dois ouros e dois bronzes. E Brasil tem plenas condições de alcançá-las.

Alisson/Emanuel lideram tudo que é possível: o ranking olímpico, o atual Circuito Mundial e ainda são os atuais campeões do mundo - título, aliás, conquistado sobre Ricardo/Márcio Araújo, a outra dupla brasileira favorita ao ouro/bronze. As duplas estadunidenses Gibb/Rosenthal, segunda melhor equipe da temporada, e principalmente Rogers/Dalhausser, ouro em Pequim-08, estão na cola. Porém, se tudo der certo para nós, os Estados Unidos conquistam gloriosas medalha de prata e a quarta colocação.

No feminino, a outrora imbatível Walsh/May dá sinal de cansaço e, pelo menos por enquanto, não dão pinta de que possuem forças para um terceiro ouro seguido. Líderes da temporada, as chineses Xue/Zhang têm cacife para melhorar o quarto lugar de Pequim, mas não apresentam a aura de campeãs olímpicas que Juliana/Larissa, por exemplo, têm desde 2005 (a dramática contusão de Juliana em 2008 adiou o sonho). Já Talita quer vingar a derrota para as próprias chinesas na disputa do bronze quatro anos atrás, quando ainda jogava com Renata. Se depender da nossa torcida e da irregularidade das adversárias, conseguirá.

Por que levar Natália é um erro


>> Fantasma do caso Paula em 2006 deve pesar na decisão de Zé Roberto (foto: Globo Esporte)



Natália Zilio despontou como um fenômeno do vôlei feminino em 2005 quando, com apenas 16 anos, foi convocada para a seleção adulta. Sua participação nos Jogos Olímpicos de Londres, portanto, é certa. Só que não.

Em condições normais, a atacante seria titular absoluta tendo em vista a irregularidade de suas “rivais” Paula, Jaque e Garay. No entanto, Natália está fora de combate desde que foi surpreendida por um diagnóstico de tumor (benigno, graças a Deus) na canela. Mesmo sem comprometer a saúde da atleta, o tal tumor a tirou das quadras no início do ano passado. E Natália não retornou mais desde então.

Zé Roberto já passou por situação semelhante com Paula, na preparação para o Mundial de 2006. Mesmo ainda se recuperando de contusão, a ponteira esteve entre as 12 que disputaram o campeonato no Japão. Paula, porém, mal participou dos jogos classificatórios e sequer entrou nas partidas decisivas. Nas 11 partidas do Mundial, fez apenas 10 pontos.

Insistir com Natália, longe de seu auge, pode custar caro à seleção. Com ela, perdemos o fundo de quadra de Camila Brait e nada nos garante que o poderio ofensivo de Natália seja decisivo para a equipe após tanto tempo parada. A atacante deve, sim, participar das Olimpíadas. Mas as do Rio-2016.

Hora de perder as esperanças com o feminino?

>> Derrota por 32 pontos contra EUA põe em cheque qualidade da seleção feminina de basquete (foto: USA Basketball)


Triste é a palavra que melhor descreve a vitória por 99 a 67 dos Estados Unidos sobre o basquete feminino do Brasil. Jogando em casa, as estrelas da WNBA, mesmo sem contar com a ainda mais estrela Sue Bird, atropelaram sem dó Iziane, Erika e cia. E agora, Tarallo?

O massacre de ontem confirma a má fase da seleção nessa fase preparatória para os Jogos Olímpicos. Mês passado já havia sido a vez das também candidatas ao pódio australianas passearem sobre o Brasil. No último amistoso entre as equipes, 102 a 58.

Agora fica a questão, é hora de perder as esperanças de que esse time brasileiro conseguirá fazer uma boa campanha nas Olimpíadas? Eu, sinceramente, acho que sim. Fiquemos muito felizes com a classificação para as quartas, quando provavelmente perderemos de 32 pontos para os Estados Unidos.

Brasil perde, mas vence

>> Revés de 80 a 69 contra EUA mostra que time de Magnano está no caminho certo (foto: AP Photo)


O jogo "não valia nada", mas querendo ou não a esforçada seleção brasileira masculina de basquete queria fazer bonito diante do suposto Dream Team (melhor que o de 1992, Kobe?). E fez.

Alguns sortudos que puderam acompanhar o jogo pela Sportv e o presidente Barack Obama, presente no ginásio em Washington, viram um começo arrasador do Brasil: 27 a 17 no primeiro quarto. Na sequência, os donos da casa recuperaram o ritmo frenético que lhes é característico, abriram vantagem e não largaram mais o osso até o fim do quarto quarto.

Se a vitória não veio, ficou a  sensação de que é  possível sonhar alto nas Olimpíadas de daqui a pouco. Defesa consistente, ataques bem trabalhados e até belos dribles nos jogadores da seleção mais forte e poderosa do mundo. Se jogamos jogamos de igual para igual com os Estados Unidos, será que cairemos diante de coadjuvantes como China, Austrália e Rússia?

O melhor de tudo é constatar que o trabalho do técnico argentino Ruben Magnano é sério e confiável. A partida de ontem não foi sorte de principiante (assim como não o foram as vitórias nas últimas semanas contra os eternos rivais argentinos). França, Argentina e Espanha, tremei. Temos mais um candidato ao pódio em Londres, senhoras e senhores.