terça-feira, 10 de setembro de 2013

Não há mais bobo nos esportes coletivos


>> Países "fora do eixo" como Jamaica, Finlândia e Bélgica tem aprontado para cima de eternos favoritos no basquete e no vôlei (foto: CEV)



A frase original do título, utilizada indiscriminadamente nos programas de mesa redonda quando uma equipe do Sudeste perde para um time de qualquer outra região do país, não se aplica mais somente ao futebol. O basquete masculino e o vôlei feminino, esta semana, deram provas de que ser grande não garante mais nada – nem transmissão do Bandsports.

A campanha patética da seleção brasileira de basquete na Copa América terminou com uma derrota ainda mais vexatória para a Jamaica. A Jamaica. Os caribenhos ainda fizeram outra vítima na segunda fase: 81 a 75 pra cima da Argentina, que se classificou aos trancos e barrancos para o Campeonato Mundial do ano que vem. Os atuais semifinalistas olímpicos ficaram com a última das 4 vagas das Américas.

Vencedora da disputa do bronze em Londres, a Rússia encontra-se em situação mais desesperadora. Com apenas uma vitória em cinco jogos, os russs estão fora do Euro Basket 2013. Agora, esperam um dos 4 convites pelos quais a mãe Fiba cobra 1,5 milhão de reais de seleções que têm mais passado do que presente no esporte para que possam competir no Mundial de 2014.

Os turcos, vice campeões mundiais 3 anos atrás, têm o mesmo problema. As derrotas para países sem tradição alguma no bola ao cesto, como Suécia e Finlândia, custaram caro demais para os ex-bambambans.

Quem também já viveu dias melhores foram as italianas do vôlei. No Campeonato Europeu, disputado até domingo que vem na Suíça e na Alemanha, as comandadas de Marco Mencarelli conseguiram a proesa de perder para as belgas, que jamais haviam conquistado qualquer resultado expressivo na modalidade, nem mesmo em nível continental.

Com isso, as campeãs mundial de 2002 e atuais bicampeãs da Copa do Mundo precisam bater a Polônia para garantir um lugar entra as 8 melhores equipes da Europa. Enquanto isso, a Bélgica é só sorrisos enquanto espera o adversário das quartas.

Nunca houve época mais democrática na história dos esportes coletivos.


sábado, 31 de agosto de 2013

O show das poderosas

>> Assista a uma partida da seleção feminina de vôlei no Grand Prix. Até você vai ficar babando (foto: Fivb)




Ano pós-olímpico é sempre uma incógnita no voleibol. Quem foi mal nos Jogos quer reformular o plantel inteiro, quem medalhou pode se dar ao luxo de fazer experiências e botar os novatos para jogar.

A seleção feminina de vôlei, bicampeã olímpica após aquele roteiro digno de Spielberg em Londres, começou na vibe de dar experiências às mais novas. Venceu tudo quanto foi torneio no início da temporada com as debutantes. Porém, mas na hora da decisão do Grand Prix, pôs sua força máxima em quadra. E tem sido um show.

Até agora, quatro jogos e quatro vitórias por 3 sets a 0 - incluindo um atropelamento histórico contra as sempre boas estadunidenses (25-19, -12 e -10!). A decisão do campeonato acontece na madrugada deste sábado para domingo. As chinesas, também invictas na fase final, vêm bem, mas se as comandadas de Zé Roberto jogar tudo que têm apresentado nessa reta decisiva, vai dar samba. Ou melhor, funk.


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Rafaela Silva lava a alma e conquista a medalha de ouro no Rio

>> Eliminada na primeira luta em Londres, Rafa Silva dá à volta por cima, é ouro e faz história (foto: Terra)




Ah, a volta por cima... Foi assim com Cielo e Poliana - os outros ouros em mundiais este ano - e a história se repete com Rafaela Silva. O público brasileiro talvez a conheça como 'aquela judoca que foi desclassificada da Olimpíada por agarrar a perna da outra'. Não mais. Daqui para frente, Rafa é a primeira judoca da história do Brasil a ganhar a medalha de ouro em um campeonato mundial.

A conquista, em casa!, foi chorada e emocionante, com espaço para momentos de tensão - como não poderia deixar de ser em um resultado com tamanha importância. Nas oitavas, Rafa perdia por um yuko até 15 segundos antes do final, quando encaixou um wazari e garantiu a continuidade na competição. Passou, ainda, pela líder do ranking na semifinal. 

Na grande decisão, vingou a outra brasileira, Ketleyn Quadros, que havia sido derrotada pela estadunidense que ficou com a prata. Bastou um minuto para fazer história. Um descuido de Marti Molley e a judoca foi para o chão. Primeiro, foi marcado um wazari - muito bom, mas não garantia o ouro. Na revisão do golpe, porém, o árbitro mudou de ideia: ippon. 

A brasileira vai às lágrimas e o público, à loucura. Do céu ao inferno em um ano. Rafaela Silva é campeã mundial. Ah, e ela só tem 21 anos...


quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Como a Rede Globo quer mudar o voleibol ao seu bel prazer

>> Final em jogo único, set até 21 pontos... A Superliga de vôlei está se vendendo em troca de visibilidade (foto: Divulgação)




Não satisfeita em mandar no país econômica e politicamente, a Rede Globo decidiu iniciar sua incursão ao mundo dos esportes. A Superliga de vôlei da próxima temporada terá sets apenas até 21 pontos em vez dos originais 25, em voga desde a extinção da vantagem. Alguém pode argumentar que se trata de outra evolução natural da modalidade. Mas não. Nada imposto por uma rede de televisão pode ser considerado evolução no campo esportivo.

A Globo já se achava a dona do voleibol brasileiro por deter os direitos de transmissão do campeonato nacional masculino e feminino, da Liga Mundial, Grand Prix... basicamente de todo e qualquer torneio envolvendo equipes do Brasil. A final do torneio em jogo único também é coisa deles. Além disso, o canal tem essa estratégia genial de não falar a empresa dos patrocinadores dos clubes, o que, no meio voleibolístico, significa inventar um nome completamente novo - e ainda arranjar alguma confusão. 

(O Minas Tênis Clube possui uma equipe masculina e outra feminina. Maravilha. Entretanto, cidades como Rio de Janeiro e Campinas sediam times nas duas competições, porém sem ligação nenhuma entre eles. RJX e Unilever são "Rio de Janeiro" apenas para a TV Globo, que trata as equipes como se fossem o mesmo clube. Mas não.) 

Agora, o campeonato nacional de vôlei - cujo nível técnico deste ano estará entre os três melhores do mundo em ambos os sexos - terá a contagem do vôlei de praia. Se isso tivesse sido discutido seriamente entre as equipes, jogadores, comissões técnicas etc etc, tudo bem. Mas não.

Pouquíssimo tempo depois de a mudança ser cogitada, uma reunião foi feita entre os mencionados no parágrafo acima. No entanto, tratou-se somente de um comunicado: Rede Globo quer set de 21 pontos. Aceitem. E todos aceitaram, óbvio. Sem Globo = sem transmissão = sem visibilidade = sem patrocínio = sem voleibol.

Tem como ser diferente? Deve ter. Alguém precisa descobrir como e avisar os envolvidos. Porque, senão, daqui a uns anos o jogo de vôlei será disputado em melhor de três. Pontos.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O Brasil odeia seus ídolos

>> Delegação brasileira "fracassa" no mundial de atletismo, mas a torcida da imprensa e do público era exatamente para que isso acontecesse (foto: EFE).




Fim do Campeonato Mundial de Atletismo. Saldo final para o Brasil: 0 medalha. Quem acompanha o esporte sabe que o resultado era até esperado e que houve, sim, boas performances de atletas brasileiros em Moscou. No entanto, quem conhece a fundo o atletismo no Brasil mesmo?

A imprensa esportiva, não. Basta dar uma pesquisada nos títulos das matérias sobre o assuntos nos grandes portais da internet. A colocação final de qualquer brasileiro que não alcança no mínimo o pódio é anunciada com aquela típica palavrinha mágica na frente: "apenas". Duda salta bem, mas é apenas o quinto na final do salto em distância. Murer não defende o título mundial e fica apenas na quinta colocação. Como se ambos, e todos os demais atletas da delegação nacional, tivessem o amplo favoritismo à medalha de ouro. Ninguém tinha.

Imaginemos um mundo ideal em que os jornalistas de "outros esportes" (como esses sites frequentemente se referem à modalidade-símbolo dos Jogos Olímpicos) tivessem conhecimento do assunto e repassasse essas informações aos seus leitores/espectadores. Duda está bem, mas tem saltado na casa dos 8,20 metros neste ano, ainda precisa melhorar um pouco suas marcas para medalhar numa grande competição outdoor. Murer é a atual campeã mundial, porém já teve dificuldade na classificatória e possui como melhor salto da temporada 4,73 metros, precisaria fazer algo que não conseguiu o ano inteiro para chegar ao pódio.

E o público vai junto. Se você tiver coragem (e estômago), desça até os comentários dos leitores dessas matérias. Você encontrará uma - se tanta - mensagem de apoio ao atleta em questão. Todos os demais textos incluirão palavras-chave e de facílima replicação sem qualquer raciocínio prévio como "amarelar", "vergonha nacional" e (se segurem) "acorda, Brasil!". 

Junte a preguiça da imprensa futebolística com a crueldade do público que só acompanha os esportes olímpicos na hora da crítica, e dá nisso. O Brasil odeia seus ídolos. O público, desde que liberaram os comentários nas matérias online, acha que pode meter o pau em todo e qualquer atleta que não seja o melhor do mundo. Quando este é o caso, a torcida é para que o atleta fracasse de forma categórica na competição seguinte.

Porque os internautas se sentem mais próximos dos "ídolos" quando eles fracassam. Ninguém gosta de exemplos de superação no Brasil. O sucesso pertence a atletas estadunidenses e europeus. Os brazucas devem sentir o mesmo fracasso que todos os comentaristas online vivenciam em seu cotidiano medíocre.

"Recalque" diriam os jovens. É isso mesmo. Cielo é tricampeão mundial, mas foi "apenas" bronze em Londres, lembram? Poliana Okimoto conquistou três medalhas em Barcelona, mas "amarelou" nas Olimpíadas, estão lembrados? Se Phelps fosse brasileiro, dariam um jeito de ressaltar mais as duas pratas e dois bronzes olímpicos do que as 18 douradas.

domingo, 11 de agosto de 2013

Carlos Chinin, muito prazer

>> Brasileiro vai bem na modalidade mais exigente do atletismo. Dez provas, dois dias e um sonho: Rio-16 (foto: Getty Images)



Todo mundo tinha um amigo na escola que sabia nadar bem, corria, era um dos melhores da turma no futebol, vôlei, basquete... Quando esse cara cresce e segue a carreira esportiva, vira um deca-atleta. O prefixo grego indica que se trata de dez modalidades - disputadas em apenas dois dias nos Campeonatos Mundiais de Atletismo. A edição deste ano, em Moscou, começou ontem e já apresentou ao mundo o melhor atleta brasileiro no decatlo.

Se você se orgulha de jogar meia hora de bola sem que sua panturrilha doa, vai se sentir o maior sedentário do mundo. Os superatletas disputam cinco provas no primeiro dia (100 metros rasos, salto em distância, arremesso de peso, salto em altura e 400 metros), descansam algumas horas e, logo no dia seguinte, partem pra segunda parte da maratona (que não, não inclui a maratona) com 110 metros com barreiras, lançamento de disco, salto com vara, lançamento de dardo e... ufa!... 1.500 metros. Não à toa nove dos 35 competidores largaram o barco no meio da competição.

Carlos Chinin conseguiu o "personal best" (melhor da vida) em quatro das dez provas, na melhor campanha de um brasileiro no decatlo na história dos mundiais. Acabou na 6a colocação, a apenas 5 pontos - na modalidade, todas as provas valem pontos, que valem para a classificação final - do recorde sul americano, que o próprio Chinin bateu em junho.

Em entrevista ao Sportv (boas transmissões durante todas as manhãs, a propósito), o simpático paulista de 28 anos se apresentou formalmente aos telespectadores brasileiros e deu o recado: quer buscar o ouro no Rio, em 16. Fácil não vai ser, mas ambição nunca fez mal a nenhum deca-atleta.


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O vôlei de Cuba morreu


>> Política cubana enfraquece seleção feminina. Fundo do poço foi atingido na derrota para a Bulgária no Grand Prix (foto: Fivb)



O Grand Prix de vôlei feminino se aproxima do início de sua segunda semana e, ao olhar para a tabela de classificação, o que mais surpreende é a seleção que ocupa o nada honroso 19° lugar numa competição disputada por 20 seleções. Trata-se de Cuba. Lembra delas?

Tricampeãs olímpicas (1992, 96 e 2000), as cubanas vão de mal a pior no voleibol feminino (e masculino também, diga-se de passagem, que amargou o último lugar na Fase Continental da Liga Mundial com uma vitória em dez jogos). E a culpa não é da qualidade de suas jogadoras - e sim, da política. 

Afinal, Cuba ainda é um país socialista e a recente abertura ao resto do mundo não melhorou em nada a situação dos jogares de vôlei da ilha, que são obrigados a atuarem profissionalmente apenas no próprio país. Essa regra também valia na época de Regla Torres, Mireya Luis e etc, mas com os salários astronômicos que o mercado azeri, russo, turco - e até brasileiro - vêm pagando, a tentação é muito maior do que décadas atrás.  

Com isso, a nata do voleibol cubano dá adeus à agora pouco prestigiada seleção, cumpre os dois anos de ostracismo como punição e passa a ganhar rios de dinheiro no exterior. Já ao selcionado nacional, restam jogadoras muito novas, que ainda não despertam interesse dos cartolas grigos.

Como resultado, tem-se uma equipe caribenha cuja jogadora mais experiente possui 23 anos de idade e a mais nova, 13(!). Dentro de quadra, a situação também é bizarra. No primeiro final de semana, foram 9 sets jogados, todos perdidos. O cúmulo foi a derrota, no domingo, para a inexpressiva Bulgária: 25-8 (!!), 25-15 e 25-16.

Hoje em dia, não teria graça nenhuma dar de dedo numa cubana em briga na rede. A geração de Mireya Luis deve estar se revirando.  

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Ah, os centésimos...

>> Ex-mister Pan sobe pela primeira vez no pódio de um mundial de longa. Mas se tivesse sido um centésimo mais rápido... (Foto: Getty Images)




Thiago Pereira conquistou sua primeira medalha em mundiais de piscina linga, com o bronze nos 200m medley. Baita feito, hein? Bem, poderia ter sido melhor se ele tivesse sido UM centésimo mais rápido - foi essa a diferença entre o brasileiro e o japonês Kosuke Hagino, que ficou com a prata.

Bom, esse é um caminho sem volta. A estrada do "ficou tão próximo do". Cielo foi ouro nos 50 borboleta no começo da semana com uma marca 4 centésimos abaixo do segundo colocado. Felipe Lima, segunda-feira, foi só 0,03s mais veloz que o esloveno Damir Drugonjic, 4° colocado na final doss 100m peito.

E se fosse nos saltos ou arremessos do atletismo, teria faltado um centímetro. No vôlei ou no tênis, teria perdido o match point. No basquete, disperdiçado o ataque da partida. Mas essa é a magia do esporte. Que graça tem uma competição em que o favorito absoluto vence sem nenhum rival incomodar? R: bem pouca.

E se for pra ficar a um centésimo de algo, que seja da medalha de prata. Imagina o sofrimento de acabar tão perto assim de ser campeão mundial? Ou, do outro lado, que agonia deve dar ficar a 0,01s do pódio e voltar para casa de mãos abanando.

Ou seja, parabéns Thiago. E quem merece nosso reconhecimento também é Ethiene Medeiros, que alcançou o melhor desempenho de uma nadadora brasileira na história dos mundiais com um 4° lugar na final dos 50 costas. Que venham mais "melhores da história" de Barcelona.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Missão cumprida

>> Aos chatos de plantão um aviso: Brasil vive o melhor momento da história da natação. Fato. (Foto: Terra)




Calma, o Mundial de Esportes Aquáticos ainda não acabou (estamos no quarto dia da natação, a propósito, que vai até domingo). Porém, antes mesmo das finais em que o país é mais forte (Cielo nos 50 livre e Pereira nos 200 medley), podemos dizer que a delegação brasileira fez um bom papel.

Em termos de medalha, já é o melhor mundial da história. São, até esse momento, 7 pódios - o que em muito já supera o desempenho de dois anos atrás (apesar de menos medalhas douradas). O melhor de tudo é que o número de conquistas tem tudo para aumentar tendo em vista que o Brasil já está classificado para três finais nesta quinta (1°), sem contar os 50m livres, em que o pódio é muito esperado.

Em outras palavras: não, o país não vive (mais) de talentos isolados como na época de Xuxa e Gustavo Borges. Sim, a natação feminina ainda é fraca, mas já mostra evolução com a classificação de Ethiene Franco para a final dos 50m costas de amanhã. Não, não está "tudo errado" com o esporte brasileiro. 

E sim, podemos esperar performances cada vez melhores dos nadadores daqui nos próximos anos. O próprio bronze do Felipe Lima (você o conhecia antes?), o ""decepcionante"" 5°lugar do João Gomes e as finais de diversos "coadjuvantes" são provas disso.

Como o colega Guilherme Costa (dono do ótimo site "Brasil no Rio") apontou, até agora o Brasil é o terceiro país que mais fez finais na natação masculina: 8, apenas atrás das hipermegaultra potências Estados Unidos (16) e Austrália (10). Não tem muito como reclamar, né.

Confira o desempenho do Brasil nos últimos campeonatos mundiais de Esportes Aquáticos. Atenção para o hiato de cinco edições zeradas e para o recorde deste ano com ainda quatro dias de competição restantes:
   
1991 0
1994 2 bronzes (100m livre: Gustavo Borges, 4x100m livre masculino)
1998 0
2001 0
2003 0
2005 0
2007 0
2009 2 ouros (50m livre e 50m borboleta: Cesar Cielo) e 1 prata (50m peito: Felipe França)
2011 4 ouros (25km: Ana Marcela Cunha, 50m livre e 50m borboleta: Cesar Cielo e 50m peito: Felipe França)
2013 2 ouros (10km: Poliana Okimoto e 50m borboleta: Cesar Cielo), 2 pratas (5km: Poliana Okimoto e 10km: Ana Marcela Cunha) e 3 bronzes (Time Misto Maratona Aquática, 5km: Ana Marcela Cunha e 100m peito: Felipe Lima)

segunda-feira, 29 de julho de 2013

O choro e o celular de Cesar Cielo

>> Campeão mundial outra vez, Cielo prova que é humano. Outros brasileiros também fazem bonito num bom dia para o país (foto: SS Press)




Ele é cinco vezes campeão mundial. Mas garante que é um ser humano, igual a mim e a você. E Cesar Cielo Filho (o pai estava na arquibancada) mostra que é mesmo.

Não que nós, pobres humanos não-medalhados, conseguíssemos vencer a prova dos 50 m borboleta no Mundial de Esportes Aquáticos, como Cesão o fez na tarde desta segunda-feira. Porém, após a façanha, o nadador brasileiro revelou em entrevista ao Sportv que ainda fica muito nervoso antes de uma grande competição, imagina como vai comemorar a conquista (se ela acontecer), se prepara para um decepcionante quinto, sexto lugar... Assim como qualquer pessoa faria.

E as palavras de Cielo casaram muito bem com seu comportamento em Barcelona. A organização chamou os medalhistas para subirem ao pódio e lá estava o brasileiro, filmando o acontecimento no seu celular. Genial! Por que ninguém nunca tinha pensado nisso antes? (ATUALIZAÇÃO: Cesão postou o vídeo no Facebook [veja aqui]. Atenção para a cara que ele faz quando vira o celular para ele. "Gente como a gente", definiu a jornalista Jéssica Maes)

Já com o ouro no peito e ouvindo toda a primeira parte do hino do Brasil (obrigado, Fina, e chupa, Fifa!), Cielo se emocionou e deixou os olhos se encherem de lágrimas. Poxa, é quinto ouro dele em mundiais, o cara é campeão olímpico... e ainda chora no pódio? Sim. E aposto que você também choraria.

Depois do ""decepcionante"" bronze em Londres e de cirurgia nos dois joelhos, 'o campeão voltou'. Vida longa a Cesão. 

> Menção honrosa à participação de Nicholas Santos na prova. Embora o Globo Esporte ache pouco, o outro brasileiro fez o melhor tempo do ano nas semifinais e conquistou a quarta colocação na grande final. Faltou pouco para o pódio: Nicholas chegou a liderar por uns bons metros, mas errou a chegada. Bela campanha, porém.

>> E a surpresa do dia ficou por conta do suado bronze de Felipe Lima nos 100 m peito. Após ficar à sombra do xará França por anos, Lima desencantou justamente na hora certa. Fez uma sequência de melhores tempos da vida, que culminou no inesperado pódio de mundial. Belíssima campanha!

domingo, 28 de julho de 2013

Brasil já começa ""Mundial de Natação"" com 5 medalhas

>> Poliana e Ana Marcela mandam muito bem nas maratonas e já fazem história em Barcelona (foto: CBDA)




Isso aí, o Campeonato Mundial de Natação, em Barcelona, só se iniciou neste domingo (28), mas a delegação brasileira já subiu ao pódio 5 vezes. Como? 

Bem, é só lembrar que o nome de batismo da competição é Mundial de Esportes Aquáticos. Embora só nos recordemos da prima rica natação, temos ainda o polo aquático, nado sincronizado e os saltos ornamentais - além das modalidades de natação em águas abertas e da inédita plataforma de 27 metros (!). 

A galinha de ouro brasileira é a maratona aquática. O Brasil, quem diria, foi o senhor da modalidade, com a dobradinha sensacional de Poliana Okimoto e Ana Marcela Cunha na prova de 10 km (olímpica) e um quase repeteco na disputa dos 5 km (não), em que as brasileiras foram prata e bronze, respectivamente. O bronze restante veio da inusitada prova por equipes. Não se trata exatamente de um revezamento, uma vez que os três atletas nadam a prova completa.

As cinco conquistas deram ao país o segundo lugar no quadro de medalhas da natação em águas abertas (atrás da Alemanha), mas a liderança nos cálculos da Fina (a Federação Internacional), que computam os resultados das colocações seguintes, além do pódio. Uma baita façanha. Samuel de Bona foi 5° nos 5 km, Allan do Carmo terminou os 10 km na 7a colocação e em 5° nos 25 km.

O quadro geral do Mundial, no entanto, é liderado pela China, rainha dos saltos ornamentais (10 ouros dos 10 possíveis :) e pela Rússia, duqueza do nado sincronizado (100% de aproveitamento também: 7/7). 

E é por isso, pessoal, que antes mesmo dos figurões Thiago Pereira, César Cielo e amigos caírem nas piscinas catalãs, o Brasil já conquistou 5 pódios e superou o número de medalhas do Mundial de ""Natação"" passado. E podem esperar que 'é só o começo'.