terça-feira, 31 de julho de 2012

Como e por que a imprensa esportiva não sabe o que é um handebol


>> A qualidade do handebol brasileiro em Londres está alta; já a de quem comenta e escreve sobre o esporte...



A vitória da seleção brasileira feminina de handebol por 27 a 25 frente Montenegro definitivamente lhe deu moral para chegar forte na disputa por medalhas. No entanto, se nossas atletas já estão entre as melhores do mundo, os jornalistas esportistas do país ainda têm muito o que aprender para alcançarem esse nível.

Na notícia sobre a partida no site da Gazeta do Povo, houve confusão entre 'lance livre' e 'tiro de sete metros' - algo que qualquer moleque de 14 anos, mesmo que não pratique basquete, sabe muito bem a diferença. O portal Terra foi mais longe e apresentou mais problemas geográficos do que espotivos: trocou 'Montenegro' por 'Macedônia' não só no título como no texto todo. A cereja do bolo foi o narrador que cravou "ainda bem que no handebol não tem escanteiro". Tem sim, cara, mas só quando o desvio é na defesa e não no goleiro.

Não saber todas as regras do tiro com arco ou até quando vai um set de badminton até vai. Mas handebol...! Esses jornalistas nunca tiveram aula de Educação Física no colégio? Bem, estou me formando e quem souber de vaga de setorista de handebol, estamos aí.

Ps: Ambas as matérias mencionadas no texto já foram devidamente corrigidas. No dia seguinte.

Lições nas piscinas


>> Lochte não é Phelps, Phelps não é mais Phelps, Magnussen é Magnussen (foto: Getty Images)


Por Bruno Zermiani

A disputa dos 4x100m livre e dos 400m medley deixa duas lições bem importantes para a natação mundial. A primeira e tão clara quanto as águas do parque aquático de Londres é que Michael Phelps não é mais aquele Michael Phelps. O desempenho do super campeão na prova individual foi quase triste comparado com ele mesmo, quatro anos atrás.
Em Pequim, Phelps levou o ouro e quebrou o recorde mundial da prova, cravando 4:03:84 no relógio. Neste ano, 4:09.28. Seis segundos de diferença. Melhor para o japonês que ficou em terceiro e pro Thiago Pereira, que foi sensacional e pegou a prata pra gente. Ryan Lochte nadou uma prova particular e levou seu primeiro ouro na competição.

Mas o mesmo Lochte nos deixa a segunda lição dessas Olimpíadas: a de que ele não é Michael Phelps. É muito bom, vai ganhar um monte de medalha, mas não é aquele fenômeno. No revezamento 4x100m livre, os EUA dominaram toda a prova – Phelps até foi bem. Nos últimos 100 metros, era a vez de Lochte, que pulou na piscina com um corpo de vantagem para a equipe francesa. Mesmo assim, deixou o ouro escapar.

Ressalte-se, obviamente, a prova espetacular dos franceses, especialmente a de Yannick Agnel, que não tomou conhecimento de Lochte. Pra quem esperava um monopólio entre EUA e Austrália, ouvir a Marselhesa na entrega das medalhas foi um pouco estranho. Vamos ver se, assim como Lochte, James Magnussen, dono do melhor tempo do ano nos 100m livres, que amargou o quarto lugar com a Austrália e foi outra decepção na prova, ainda mostra a que veio.  

segunda-feira, 30 de julho de 2012

A difícil arte de reconhecer que seu adversário é superior


>> Por mais que tenham tentado, vôlei e basquete femininos do Brasil sucumbiram diante de equipes melhores (foto: Fivb)



O dia não foi dos melhores para os esportes coletivos do Brasil. No entanto, antes de crucificarmos as substituições de Zé Roberto ou as armações de jogada de Adrianinha, reconheçamos: Rússia, no basquete, e Estados Unidos, no vôlei, são melhores do que nós. E ponto.

A partida de vôlei (se você não sofreu assistindo, foi 3 a 1 para os EUA) remeteu às batalhas dos anos 90 diante da seleção cubana: Brasil sua para fazer um mísero pontinho e diminuir a vantagem das adversárias enquanto as americanas vão lá e bam!, cravam os ataques na nossa quadra. Embora as brasileiras tenham ao menos equilibrado o jogo nos 3° e 4° sets (após um atropelo sem dó nas duas primeiras parciais), a triste realidade é que o time de Hugh Mc Cutcheon está um patamar acima do nosso. Claro que, se tudo der certo e as duas seleções se reencontrarem na final olímpica, o Brasil tem condições de sair vencedor. Porém, terá que jogar como nunca. Na verdade, jogar como em 2008.

No caso das meninas do basquete, voltar a 2008 não basta. Já faz uma boa década que o pódio em grandes competições não vem - e, infelizmente, não será dessa vez. Como uma Érika só (e seu belo double-double: 15 pontos e 18 rebotes) não faz verão, a superioridade técnica da Rússia acabou prevalecendo: 69 a 59. E não tem problema, elas são melhores. Só precisamos aprender a vencer equipes melhores que as nossas. Tem como.


domingo, 29 de julho de 2012

Falem do Thiago Pereira agora


>> Rei do Pan, nadador surpreende críticos malas com prata na Olimpíada; faltou pouco para Bellucci (foto: Jornal do Brasil)



Brasileiro chato adora falar mal de coisas de que não entende bem. E Thiago Pereira é uma dessas coisas. O Mister Pan só não é o esportista mais criticado do país porque Rubens Barrichello e Thomaz Bellucci (‘wait for it’) existem. Porém, toda essa pegação no pé agora não tem mais justificativa: Thiago Pereira é prata nos 400m medley em Londres, batendo, inclusive, o todo-poderoso Michael Phelps. É bom ou querem mais?

Se quiserem, esperem os 200m medley, que, em tese, é a especialidade do brasileiro. Mesmo na prova em que ele não é tão forte assim, Thiago mostrou que todos esses anos de treino e dedicação (além da paciência com as críticas de que é uma nadador “de Panamericano”) não foram em vão. Lochte foi ouro com sobras, Phelps finalmente decepcionou e o “patinho feio” do Brasil abocanhou sua primeira medalha olímpica da vida. Quem sabe não vem mais uma nos 200?

Bellucci fica no ‘quase’ - No tênis, o famigerado do momento bem que tentou, mas não conseguiu superar o francês Tsonga, sexto do mundo. Após vitória no primeiro set, o brasileiro até manteve o bom nível de jogo. Porém, não foi o suficente para superar o favoritismo do tenista 34 posições à frente da sua. Queria colocar como título “Falem do
Thiago Pereira e do Bellucci agora”, mas fica para a próxima...

quinta-feira, 26 de julho de 2012

"Tá chegaaaando a hoora"

>> Tweet infeliz e vitórias brasileiras no futebol marcaram a última semana antes da abertura dos Jogos (foto: AP Photo)



Não dá mais para dizer que a Olimpíada de Londres "está quase chegando". Ela já entrou, passou pela sala e está na cozinha procurando algo na geladeira. O futebol, aquele esporte estranho parecido com o handebol, mas jogado com os pés num campo semelhante ao de rúgbi, já estreou, e com vitórias brasileiras. De resto, uma grega atraiu as atenções.

O causo mais polêmico foi a exclusão da tal triplista Voula Papachristou por conta de seu tweet "racista": Com tantos africanos na Grécia... os mosquitos que vêm do oeste do Nilo pelo menos vão comer comida caseira". Alegou-se que a atleta "não possui o espírito olímpico" e, portanto, não merece participar dos Jogos. Sério mesmo? Tudo bem que a piadinha da moça foi bem sem graça, mas ela merecia mesmo ser proibida da maior festa da humanidade? Não.

Eu daria um pito, diria para ela se manter longe das redes sociais durante o competição e bola pra frente. Voula já se desculpou a todos que se sentiram ofendidos e está compreensivelmente confusa com tudo que aconteceu. Foi só uma piada sobre o que ela vê no país dela. A coisa errada aí é todo mundo querer patrulhar para ver se acha racismo em qualquer coisa.

Futeba - Nesta quarta (25), as eternas candidatas ao pódio fizeram jus à moral que têm: Marta e cia meteram 5 a 0 nas pobres camaronesas. No dia seguinte, os homens deram a impressão de que seguiriam os passos das moças e abriram 3 a 0 no primeiro tempo. Depois do intervalo, porém, a sorte virou e por pouco os egípcios não empataram a partida. Melhor para nós, que mesmo antes da abertura das Olimpíadas já computamos duas vitórias, e 100% de aproveitamento.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Handebol feminino chega a Londres com status nunca antes visto


>> Após 5° lugar no Mundial de 2011, Brasil quer o pódio nas Olimpíadas. High five! (foto: Handebol Brasil)



Um mísero gol separou a seleção brasileira feminina de handebol das sonhadas semifinais do Campeonato Mundial ano passado, sediado aqui no Brasil. Tido como zebra da competição, o time só melhorou nesses seis meses. E se depender da qualidade e da motivação das atletas - aliadas aos bons resultados que a equipe conseguiu nos amistosos preparatórios -, o pódio em Londres não é um sonho tão distante quanto você pensa.

A equipe chegou nesta segunda-feira (23) à capital inglesa e já de cara percebeu que os tempos são outros. "Depois do Mundial, realmente o assédio do público foi bem maior. Em função disso, as pessoas passaram a acompanhar mais o nosso trabalho", conta a pivô Dara. Enquanto antes a mídia mal se ocupava desse esporte estranho que é tipo um futsal com as mãos, agora o tratamento melhorou. Pesquise nos portais esportivos da internet: todos noticiaram a chegada da equipe ao palco dos Jogos e ressaltaram as chances de medalha. Que fase, hein!

Mais do que pura empolgação de público e crítica, a seleção vem embalada pelos próprios resultados recentes. Além da inédita quinta colocação no Brasil-11, a equipe conquistou importantes vitórias em partidas preparatórias: 30 a 23 e 27 a 20 contra a Alemanha e 39 a 28 e 28 a 21 contra a Holanda. Nenhuma dessas seleções estará nos Jogos, mas fazem parte da nata europeia do handebol (no Mundial, as alemãs conseguiram vencer a Noruega, que viria a conquistar o título). No início do ano, o Brasil empatou duas vezes justamente contra as norueguesas, atuais campeãs olímpicas e mundiais. Meses depois, foi a vez das sul-coreanas, bronze em Pequim-08. Melhor para as brasileiras: 26 a 25 e 27 a 26.

O Brasil está no grupo em tese mais fraco na Olimpíada e joga contra Rússia, Croácia, Montenegro, Angola e Grã-Bretanha. Se tudo correr bem, classifica em 2° e faz, assim como ano passado, o jogo da vida nas quartas de final. Esperamos que dessa vez a vantagem de um gol seja a nosso favor.

Ps: Para você que ficou curioso, a Espanha venceu aquela partida das quartas de final contra o Brasil por 27 a 26. Com o jogo empatado, as brasileiras tiveram o ataque para definir a vitória, mas perderam a bola e viram as rivais marcarem no contra-ataque e se classificarem. Estatísticas da partida aqui.


sábado, 21 de julho de 2012

Pré-Londres: Murer é 5a colocada em competição estranha


>> Na última prova antes das Olimpíadas, Fabiana Murer decepciona - assim como todas as demais rivais (foto: Agif Press)



É a clássica situação: temos uma notícia boa e uma ruim. A ruim é que a candidata ao pódio no salto com vara, Fabiana Murer, foi mal e ficou apenas no 5° lugar na última competição antes das Olimpíadas de Londres. A boa é que todo mundo também foi mal.

Enquanto a brasileira não conseguiu superar a pífia marca de 4,54m no GP de Mônaco, a cubana Yarisley Silva ficou com a medalha de prata com um salto não menos pífio: 4,62m. Com esse resultado, por exemplo, a caribenha seria apenas a 10a colocada no Mundial do ano passado, em que Murer foi ouro.

Para completar, a estrela Yelena Isinbayeva zerou a prova, já que falhou nas três tentativas em 4,70m. Bicampeã olímpica, a russa repetiu a façanha do Mundial de 2009, quando também decidiu iniciar os saltos numa altura superior às adversárias e acabou em último, sem superar o sarrafo em nenhuma oportunidade.

Com tantas peculiaridades, a mais recente etapa da Liga de Diamante não serviu muito como termômetro para as Olimpíadas. A alemã Silke Spiegelburg alcançou a melhor marca do ano: 4,82m, mas o resultado não a torna favorita absoluta ao título, apenas a mantém no grupo das candidatas. E apesar do péssimo resultado desta semana, Isinbayeva continua sendo a única mulher na história a ultrapassar a barreira dos 5 metros. Seu histórico recente mostra que ela tem possibilidade tanto de repetir a façanha quanto de zerar a final olímpica.

Já a situação de Fabiana Murer, ainda líder da temporada, permanece inalterada. A paulista já saltou 4,77m neste ano, marca que, em tese!, lhe garante uma medalha. Na carreira, superou os 4,85m justamente quando se sagrou campeã mundial, em 2011. Para Londres, disse que deseja superar os 4,90m e voltar para casa com a medalha dourada. Que assim seja.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Iziane: Ruim com ela, pior sem ela


>> Corte da ala mostra que nada é tão ruim que não possa piorar (foto: UOL)



Se antes havia a dúvida se já era hora de largar os bets com a seleção feminina de basquete, agora nem vale a pena levar os tacos e as casinhas para a beira da praia. Iziane, a jogadora que em tese levaria o time nas costas em Londres, foi cortada por indisciplina e não participará da Olimpíada.

O que realmente aconteceu entre a atleta, Hortência e demais dirigentes do esporte talvez jamais será conhecido por nós, pobres torcedores. A verdade é que Iziane já vinha dando dor de cabeça para os técnicos da seleção (ela inclusive já ficou de fora da Olimpíada passada por desentendimentos do tipo) e por isso a notícia do desligamento, mesmo que a uma semana dos Jogos, não chega a ser tão surpreendente.

Agora a equipe de Tarallo que já sofria tecnicamente com Iziane terá que se superar dia após dia para não passar muita vergonha em Londres. Erika e Damiris, nossas estrelas do garrafão, terão que fazer mágica para que a bola chegue até elas. Adrianinha, armadora titular, precisará jogar tudo e mais um pouco para articular um time que sente muita falta de alas de qualidade (ai, que saudades de magic Paula).

Por mais que Iziane não seja um exemplo de atleta (loonge disso!), sua ausência será muito sentida numa equipe que, com ela, já era limitada. Se o corte em cima da hora é justificado ou não, sabe Deus. O fato é que, sem a ala, o Brasil passa a lutar pau a pau com Canadá e Grã-Bretanha pela quarta colocação no grupo da primeira fase na Olimpíada. Que fase...

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Bancando a Mãe Dináh


>> Previsões olímpicas são divertidas e nos dão a enganosa sensação de prever o futuro (foto: Reuters)



Seis, sete, oito ouros... Quem dá mais? A uma semana do início das Olimpíadas, pululam previsões de medalhas para as provas olímpicas. Se depender da mídia internacional, nossos atletas farão bonito no Reino Unido. A mais esperada projeção, da revista estadunidense “Sports Illustrated”, dá incríveis 23 medalhas ao Brasil - praticamente a soma do que o país conquistou nas duas últimas edições. Oito delas de ouro.

Outro periódico que se arrisca nos palpites olímpicos é o “USA Today”. O jornal de maior circulação dos Estados Unidos, porém, vai mais além e regularmente “atualiza” sua distribuição de medalhas. Segundo a última parcial, atualizada em 11 de junho, o Brasil subiria a 17* pódios, sete deles no lugar mais alto.

Dentre esse mar de pitacos, os dois ouros brasileiros que são unanimidade vêm das águas: Cesar Cielo nos 50m livres e a dupla Robert Scheidt e Bruno Prada na classe Star. De resto, revezam-se os vôleis e uns ou outros sonhos mais altos como Fabiana Murer ou Everton Lopes. O judô sempre cumpre o papel de ser a máquina de pratas e bronzes enquanto a natação aparece como esperança de pódios menos óbvios como Felipe França, Bruno Fratus ou Poliana Okimoto.

O Comitê Olímpico Brasileiro, por sua vez, adotou uma política mais conservadora e diz que o objetivo é igualar a marca (bem mediana, diga-se de passagem) de 15 pódios da edição passada. Porém, até o próprio Cielo já admitiu em entrevista que a delegação deve ultrapassar esse número.

E você? Acredita em surpresas, em decepções dos favoritos, no futebol masculino? Comente!


Sports Illustrated: 8 ouros - 5 pratas - 10 bronzes (23)

Ouros: Everton Lopes (boxe), Futebol Masculino, Diego Hypolito (ginástica), Sarah Menezes (judô), Cesar Cielo - 50m (natação), Scheidt/Prada (vela), Vôlei Feminino e Juliana/Larissa (vôlei de praia).

Pratas: Fabiana Murer (atletismo), Leandro Guilheiro (judô), Felipe França (natação), Vôlei Masculino e Emanuel/Alison (vôlei de praia).

Bronzes: Robson Conceição (boxe), Myke Carvalho (boxe), Futebol Feminino, Leandro Cunha (judô), Rafael Silva (judô), Érika Miranda (judô), Rafael Silva (judô), Mayra Aguiar (judô), Cesar Cielo - 100m (natação) e Natália Falavigna (taekwondô).

USA Today: 7 ouros - 5 pratas - 5* bronzes (17*)

Ouros: Fabiana Murer (atletismo), Everton Lopes (boxe), Futebol Masculino,  Cesar Cielo - 50m (natação), Scheidt/Prada (vela), Vôlei Masculino e Juliana/Larissa (vôlei de praia)

Prata: Arthur Zanetti (ginástica), Sarah Menezes (judô), Leandro Guilheiro (judô), Vôlei feminino e Alison/Emanuel (vôlei de praia)

Bronze: Esquiva Falcão (boxe), Jade Barbosa* (ginástica artística/salto); Rafaela Silva (judô), Mayra Aguiar (judô) e Maria Elisa/Talita (vôlei de praia).

* A última previsão do "USA Today" ainda incluía a ginasta Jade Barbosa, que não participará dos Jogos.

Nadal fora de Londres


>> Ex-futuro porta-bandeira da Espanha deixa caminho livre para Federer e Djokovic (foto: AFP)


Não deixa de ser surpreendente a notícia de que o tenista Rafael Nadal, atual campeão olímpico, não defenderá seu título nos Jogos de Londres. O próprio anunciou a decisão: "Não me encontro em condições para competir nos Jogos Olímpicos de Londres e portanto não viajarei com a delegação espanhola. Esse é um dos momentos mais tristes da minha carreira".

E agora, o caminho está todo livre para os líderes do ranking da ATP Roger Federer (voltando ao lugar mais alto após longa ausência) e Novak Djokovic duelarem pela medalha dourada. Mas e o Andy Murray?, alguém pode estar se perguntando. Afinal, ele é o quarto melhor tenista do mundo e jogará diante de sua torcida. Não tem chance?

Não.

Bons tempos (não sei se melhores, mas com certeza diferentes) em que o 76° do ranking chegava à final de Grand Slam ou que o cabeça de chave número 2 caía na primeira rodada. O que temos para hoje são três (dois, em Londres) tenistas sensacionais, geniais, num patamar muito superior aos mortais, que completam o top-10.

Claro que tanto o suíço quanto o sérvio podem tropeçar na grama sagrada de Wimbledom. Mas, sinceramente, acho muito difícil que outro atleta consiga se infiltrar nessa final olímpica. Mas e o Andy Murray?, você se pergunta novamente. Bronze para ele.


quarta-feira, 18 de julho de 2012

Ying e Yang olímpicos

>> Os dois principais atletas brasileiros em Londres são completamente opostos. Qual você prefere? (foto: R7)



Um já é campeão olímpico e recordista mundial. O outro participa da primeira competição em nível mundial defendendo o país. Ambos são favoritos ao pódio olímpico e possuem as carinhas mais reproduzidas no país quando se fala da Olimpíada de Londres. César Cielo e Neymar. Enquanto o nadador é um poço de introspecção e nem entrevista mais concede, o futebolista adora uma propaganda e até à Câmara já foi se exibir. Com qual você mais se identifica?

Se analisarmos os serviços prestados à nação, Cesão dá um banho em Neymar. Ouro nos 50m livre e bronze nos 100m em Pequim, Cielo ainda foi campeão mundial nas duas distâncias em 2009 e repetiu a façanha nos 50m ano passado, além de ser o atual recordista mundial de ambas as provas. E Neymar? Bem... ele conquistou três Campeonatos Paulista seguidos de futebol por um time do litoral de São Paulo. E, ok, uma Copa do Brasil e uma Libertadores. Mas nenhum título pela seleção.

Agora levando em conta o dom de explorar a imagem para ganhar dinheiro... Aí não tem pra ninguém. Faça um teste simples: abra uma revista qualquer e preste atenção nas propagandas. Duvido que você chegue à contracapa sem encontrar o menino Neymar tentando te convencer a comprar cuecas ou mudar de telefonia celular. Se você tiver o suplemento especial sobre as Olimpíadas da "Veja", melhor ainda. Quem estampa a capa? O próprio. Cielo, por outro lado, nem quis participar dos ensaios fotográficos com os atletas olímpicos.

E, por fim, a cobrança é diferente. Para o pessoal da natação, a Olimpíada é o momento máximo da consagração (ou não). Se Cielo voltar para casa de mãos abanando, será uma tragédia. Já no caso do futebol, o que importa mesmo é a Copa do Mundo no Brasil, daqui a dois anos. Caso a selação não suba ao pódio em Londres, beleza, será apenas mais uma geração a fracassar nos Jogos Olímpicos. E, afinal, Neymar não precisa mais provar nada a ninguém. Já conquistou três Paulistas seguidos.

Agora vai?

>> Seleção masculina de futebol é, novamente, uma das favoritas ao ouro, mas precisa espantar de vez o fantasma da responsabilidade (foto: Golazo Deportivo)



É um bom time, a seleção de futebol que vai representar o Brasil nessas Olimpíadas. Não
passamos nem de longe pela nossa melhor fase, mas temos boas promessas. E o torneio
masculino de futebol nos Jogos Olímpicos não passa disso: confrontos entre promessas. Oscar,
Damião, Rafael, Sandro, Pato e Ganso são titulares, ou quase isso, em seus times – no Brasil
e na Europa. Sem contar Neymar. A estrela do Santos nunca foi na seleção o que é no Peixe – ou o que a mídia pinta que é. Chegou a hora.

Os três jogadores escolhidos por Mano com idade superior a 23 anos são jovens também, mas
podem representar facilmente um porto seguro para a imaturidade do resto do time. Marcelo
é o melhor lateral esquerdo do mundo, e é titular de um dos dois melhores times do planeta.
Hulk foi eleito o melhor jogador do último campeonato português, e Thiago Silva praticamente
dispensa apresentações: também um dos melhores do mundo em sua posição, foi titular por
dois anos do Milan. Experiência não falta.

Não tem segredo. Mano teve a oportunidade de fazer amistosos de peso com a base dessa
seleção. No maior deles, contra a Argentina, o time brasileiro, praticamente todo olímpico, se
portou bem. Não chegamos à vitória, mas o jogo foi parelho contra uma seleção recheada de
craques – um deles o maior de todos atualmente. Somos competitivos.

E somos, sim, favoritos. A Espanha tem um time mais consistente, até por se preocupar
mais com a formação dos seus jogadores do que a gente, e o Uruguai passa por seu melhor
momento em muito tempo, além de contar com Cavani e Suarez lá na frente. O Brasil se junta
a essas duas seleções como candidato ao título.

Isso só significa mais responsabilidade, e essa mescla entre obrigação de vitória e juventude
parece nos atrapalhar. Ter a obrigação de ganhar sempre foi um empecilho para o futebol
brasileiro no caminho do ouro olímpico. Mas não o único. Uma hora precisamos parar com a
mania de achar que fomos nós que perdemos, e não os outros que ganharam. Se perdemos
antes, os outros foram melhores de alguma forma.

Temos qualidade e temos um time razoavelmente montado. Dá pra ganhar.

(texto: Bruno Zermiani)

terça-feira, 17 de julho de 2012

Dessa vez não morreremos na praia

>> Vôlei de areia será o esporte mais forte do Brasil em Londres; duplo ouro é provável (foto: Fivb)



100% de aproveitamento. Esse é o sonho (possível) do vôlei de praia brasileiro em Londres. Agora que a Federação Internacional organizou a tabela olímpica para que não ocorra uma final entre duplas do mesmo país (lembram de Jackie Silva/Sandra Pires contra Mônica/Adriana Samuel em Atlanta-96?), o melhor desempenho possível de uma nação será conseguir quatro medalhas: dois ouros e dois bronzes. E Brasil tem plenas condições de alcançá-las.

Alisson/Emanuel lideram tudo que é possível: o ranking olímpico, o atual Circuito Mundial e ainda são os atuais campeões do mundo - título, aliás, conquistado sobre Ricardo/Márcio Araújo, a outra dupla brasileira favorita ao ouro/bronze. As duplas estadunidenses Gibb/Rosenthal, segunda melhor equipe da temporada, e principalmente Rogers/Dalhausser, ouro em Pequim-08, estão na cola. Porém, se tudo der certo para nós, os Estados Unidos conquistam gloriosas medalha de prata e a quarta colocação.

No feminino, a outrora imbatível Walsh/May dá sinal de cansaço e, pelo menos por enquanto, não dão pinta de que possuem forças para um terceiro ouro seguido. Líderes da temporada, as chineses Xue/Zhang têm cacife para melhorar o quarto lugar de Pequim, mas não apresentam a aura de campeãs olímpicas que Juliana/Larissa, por exemplo, têm desde 2005 (a dramática contusão de Juliana em 2008 adiou o sonho). Já Talita quer vingar a derrota para as próprias chinesas na disputa do bronze quatro anos atrás, quando ainda jogava com Renata. Se depender da nossa torcida e da irregularidade das adversárias, conseguirá.

Por que levar Natália é um erro


>> Fantasma do caso Paula em 2006 deve pesar na decisão de Zé Roberto (foto: Globo Esporte)



Natália Zilio despontou como um fenômeno do vôlei feminino em 2005 quando, com apenas 16 anos, foi convocada para a seleção adulta. Sua participação nos Jogos Olímpicos de Londres, portanto, é certa. Só que não.

Em condições normais, a atacante seria titular absoluta tendo em vista a irregularidade de suas “rivais” Paula, Jaque e Garay. No entanto, Natália está fora de combate desde que foi surpreendida por um diagnóstico de tumor (benigno, graças a Deus) na canela. Mesmo sem comprometer a saúde da atleta, o tal tumor a tirou das quadras no início do ano passado. E Natália não retornou mais desde então.

Zé Roberto já passou por situação semelhante com Paula, na preparação para o Mundial de 2006. Mesmo ainda se recuperando de contusão, a ponteira esteve entre as 12 que disputaram o campeonato no Japão. Paula, porém, mal participou dos jogos classificatórios e sequer entrou nas partidas decisivas. Nas 11 partidas do Mundial, fez apenas 10 pontos.

Insistir com Natália, longe de seu auge, pode custar caro à seleção. Com ela, perdemos o fundo de quadra de Camila Brait e nada nos garante que o poderio ofensivo de Natália seja decisivo para a equipe após tanto tempo parada. A atacante deve, sim, participar das Olimpíadas. Mas as do Rio-2016.

Hora de perder as esperanças com o feminino?

>> Derrota por 32 pontos contra EUA põe em cheque qualidade da seleção feminina de basquete (foto: USA Basketball)


Triste é a palavra que melhor descreve a vitória por 99 a 67 dos Estados Unidos sobre o basquete feminino do Brasil. Jogando em casa, as estrelas da WNBA, mesmo sem contar com a ainda mais estrela Sue Bird, atropelaram sem dó Iziane, Erika e cia. E agora, Tarallo?

O massacre de ontem confirma a má fase da seleção nessa fase preparatória para os Jogos Olímpicos. Mês passado já havia sido a vez das também candidatas ao pódio australianas passearem sobre o Brasil. No último amistoso entre as equipes, 102 a 58.

Agora fica a questão, é hora de perder as esperanças de que esse time brasileiro conseguirá fazer uma boa campanha nas Olimpíadas? Eu, sinceramente, acho que sim. Fiquemos muito felizes com a classificação para as quartas, quando provavelmente perderemos de 32 pontos para os Estados Unidos.

Brasil perde, mas vence

>> Revés de 80 a 69 contra EUA mostra que time de Magnano está no caminho certo (foto: AP Photo)


O jogo "não valia nada", mas querendo ou não a esforçada seleção brasileira masculina de basquete queria fazer bonito diante do suposto Dream Team (melhor que o de 1992, Kobe?). E fez.

Alguns sortudos que puderam acompanhar o jogo pela Sportv e o presidente Barack Obama, presente no ginásio em Washington, viram um começo arrasador do Brasil: 27 a 17 no primeiro quarto. Na sequência, os donos da casa recuperaram o ritmo frenético que lhes é característico, abriram vantagem e não largaram mais o osso até o fim do quarto quarto.

Se a vitória não veio, ficou a  sensação de que é  possível sonhar alto nas Olimpíadas de daqui a pouco. Defesa consistente, ataques bem trabalhados e até belos dribles nos jogadores da seleção mais forte e poderosa do mundo. Se jogamos jogamos de igual para igual com os Estados Unidos, será que cairemos diante de coadjuvantes como China, Austrália e Rússia?

O melhor de tudo é constatar que o trabalho do técnico argentino Ruben Magnano é sério e confiável. A partida de ontem não foi sorte de principiante (assim como não o foram as vitórias nas últimas semanas contra os eternos rivais argentinos). França, Argentina e Espanha, tremei. Temos mais um candidato ao pódio em Londres, senhoras e senhores.