sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Fucking four years of my life


>> Atleta e torcida ingleses sofrem em final de ciclismo. Erro do ciclista ou dos árbitros? (foto: Getty Images)



 
 


Muita tensão no velódromo de Londres. O dono da casa Jody Cundy, favorito no 1km contra o relógio C4-5, é o último atleta a competir. Antes deles, o espanhol Afonso Cabello já bateu o recorde mundial com 1:05.947 numa prova sem erros. Logo na sequência, a nova marca mundial de Cabello ficou por um fio de ser alcançada por outro britânico: Jon-Allan Butterworth, que cravou ridículos 0.038s acima do recorde.

Cundy, porém, é a esperança da torcida local. Multicampeão, conquistou três ouros em Campeonatos Mundiais (incluindo um em 1994!) e outros três nas Paralimpíadas de 1996 e 2000 em provas de... natação! Após Sydney, decidiu mudar de ares e migrou para o esporte das bicicletas. E se deu bem. Mais duas subidas ao lugar mais alto do pódio em Pequim impulsionaram a já brilhante carreira do agora ciclista.

Porém....

No momento da largada, a roda traseira da bike de Cundy patina. Ele para de pedalar e levanta o braço acusando falha da estrutura usada para a saída. Público ainda mais apreensivo, técnico e árbitros discutem. Cundy senta e espera a decisão. Erro do britânico ou falha no equipamento? Terá o campeão nova chance para realizar a prova?

Não.

A arbitragem decide que a falha na largada foi do atleta. O ciclista se desespera. "I didn't waste fucking four years of my life for this!", esbraveja Cundy perto de um microfone aberto. O sonho dourado acabou. Ouro para Afonso Cabelo e 22° lugar para o britânico com os dizeres DNF (didn't finish). Coisas da vida, coisas da paralimpíada.

 

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Delegação já começa a brilhar na Paralimpíada - mas ninguém vê


>> Três medalhas, um recorde mundial e um parto para encontrar notícias na internet (foto: Globoesporte)



Parece até uma metáfora da vida das pessoas com deficiência. Procure nos portais da internet o último penteado do Neymar e você encontrará dezenas de textos sobre o moleque. Agora tente achar o resultado das competições mais recentes da Paralimpíada ou o quadro de medalhas atualizado. Tudo é mais difícil. Um sofrimento.

O Terra TV, fonte de salvação de quem trabalha à tarde (ok, alguém não?) durante os Jogos Olímpicos, não está transmitindo nenhuma prova das Para. Aquela maravilha moderna de “lance a lance” desapareceu dos grandes sites de notícia. Até blogs especializados são bem mais difíceis de encontrar quando se trata de atletas paralímpicos.

Quem quis - e conseguiu - acompanhar o primeiro dia de competições, viu a delegação brasileira conquistar curiosamente as mesmas medalhas exatas da jornada inicial da Olimpíada, um mês atrás. O debute veio, de novo, do judô com o bronze de Michelle Ferreira. Vinda da repescagem, acabou beneficiada pela contusão da francesa Sandrine Martinet e nem precisou voltar ao tatame para garantir o primeiro pódio do país.

À tarde, o UOL demorou mais de duas horas para perceber, mas teve brasileiro brilhando nas piscinas. André Brasil foi prata na prova que não é sua especialidade, os 200m medley S10, o que nos dá esperança de resultados ainda melhores quando Brasil nadar mais à vontade.

O destaque do dia, porém, não poderia ser outro que não o monstro Daniel Dias. Pulverizou o recorde mundial dos 50m S5 e foi campeão olímpico com um corpo de vantagem - isso considerando que se trata de uma prova de apenas 50m! Voando baixo, Dias subiu nove vezes ao pódio em Pequim. O ouro de hoje foi apenas o começo...

Depois de tudo isso, fica a pergunta: se a Paralimpíada é tão legal, emocionante, contagiante, um exemplo de superação etc porque a cobertura jornalística é tão pobre?


Ps - Dica: o Globo Esporte está fazendo a cobertura mais decente entre os portais. 

domingo, 12 de agosto de 2012

Para que servem as Olimpíadas?



>> Transformar os Jogos em uma busca louca por medalhas de ouro é se desviar de sua essência (Foto: Getty Images)



A Olimpíada acabou. O COB considerou a participação brasileira satisfatória, 95% da população do país achou uma bosta. Os jornais apontam que cada medalha conquistada pelo Brasil custou R$123,5 milhões de reais aos cofres públicos. Na hora de fazer o balanço geral dos Jogos de Londres, uma pergunta vem à cabeça: Para que servem os Jogos Olímpicos?

Se na sua concepção a competição tem como único objetivo dar medalha aos brasileiros, a Olimpíada foi uma grande decepção. Dos 302 pódios desta edição, o Brasil esteve presente em apenas 17 deles: 5,6%. Uma lástima. Afinal, temos um Comitê Olímpico muito bem estruturado, toda verba destinada ao esporte é investida em melhorias nas condições de treinamento para os atletas e todos eles têm o dever de voltar para casa com o ouro. Afinal², todos nós, não-atletas profissionais, jamais cometemos erros no trabalho e, sem sombra de dúvida, somos os melhores do mundo nas nossas profissões.

No entanto, caso você considere a Olimpíada a maior festa da humanidade, dificilmente terá se frustrado nesses últimos 19 dias. Além das 22 medalhas de Phelps (18 de ouro) e da virada do vôlei feminino na final após o 11-25 no primeiro set, os Jogos te dão a oportunidade de ver um atleta estadunidense abraçando um afegão e torcedores dos Estados Unidos (sempre eles) incentivando atletas do seu país lado a lado com espectadores do Irã. E um cara biamputado competindo entre os melhores do mundo. E todas as atletas do heptatlo dando a volta olímpica de mãos dadas no fim das sete provas.

Então, decida-se. Se quer ver o Brasil arrasar adversário, dê ibope a jogos de futsal. Olimpíada é união dos povos, é superação de limites, a busca pela perfeição. O esporte é só uma desculpa.

Exemplo de esportista, Yane Marques conquista bronze espetacular



>> Última prova de Londres nos rendeu a 17a medalha - e uma nova heroína olímpica (foto: Reuters)



Ela vem de uma cidadezinha no interior de Pernambuco e pratica um esporte que não possui estrutura, incentivo ou reconhecimento de público algum no Brasil. Mesmo assim, Yane Marques é medalhista olímpica. Se a trajetória dessa atleta não é exemplo de superação e de que o esporte ainda vale a pena, eu não sei o que é.

A conquista de Yane deve ser ainda mais valorizada porque nem mesmo a reduzidíssima parcela da população que sabe o que diabos é um pentatlo moderno levava muita fé na esportista. Apesar de ser a 3a colocada no ranking mundial, a pernambucana de Afogados da Ingazeira jamais havia subido ao pódio numa grande competição. Ficava sempre ali, no "quase" - foi sexta no Mundial deste ano, sétima ano passado e novamente sexta em 2010. Fez a melhor prova da vida justamente quando mais precisava.

Não há forma melhor de fechar uma campanha olímpica. Essa é a essência dos Jogos. Na hora da competição, não importa patrocínio, mídia, pressão ou o escambau. São atletas que vivem do esporte e querem fazer o seu melhor. Yane conseguiu. Nossa nova heroína olímpica.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Sensações caem, veteranos seguem na luta


>> Handebol e basquete brasileiros esbarram em favoritos enquanto vôlei não perde a majestade (foto: UOL Esporte) 



Entra Olimpíada, sai Olimpíada e o vôlei segue sendo nosso carro-chefe nos esportes coletivos. Londres até deu pinta de que seria diferente com uma primorosa fase de classificação no handebol feminino e no basquete masculino - e com um início simplesmente pavoroso das meninas do vôlei. No entanto, as quartas de final puseram ordem na casa. A Noruega, numa virada sensacional, tirou o sonho das moças do hande enquanto a Argentina, sempre ela!, levou a vaga nas semis no lugar nos comandados de Ruben Magnano.

O começo da partida contra as atuais campeãs mundiais foi irreal: as brasileiras jogavam o fino da bola, as escandinavas estavam perdidas em quadra e a vantagem a nosso favor só crescia - a frente chegou a ser de seis gols no segundo tempo. Porém, como nos contos de fada, o encanto acabou. A defesa das adversárias passou a funcionar e a seleção brasileira se apavorou. O time foi guerreiro, lutou, mas no final das contas, prevaleceu a evidente superioridade nórdica. Uma pena.

Já o basquete masculino... Ah, esse adora nos fazer sofrer. “Por que não perdem de 30 pontos logo de cara?”, devem pensar alguns. Mas não. O jogo foi tenso, como sempre, mas a vantagem foi argentina... como sempre. Os brasileiros chegaram a dar esperanças de um final feliz ao encostarem no marcador faltando dois minutos para o fim. Nada feito. Triunfo dos hermanos e cabeça erguida para uma seleção que até poucos anos não possuía qualidade nem emocional para disputar uma Olimpíada e saem agora “decepcionados” por terem caído antes das semis.

Já o vôlei masculino deve estar feliz da vida: fizeram o básico e despacharam os vizinhos argentinos, e ainda assistiram de camarote à eliminação do maior adversário na luta pelo tri campeonato: os Estados Unidos. Com outra queda inesperada (da Polônia, algoz dos brasileiros na Liga Mundial), o lugar mais alto do pódio parece mais perto do que nunca. Veremos...

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Rússia 2 x 3 Brasil: O melhor jogo das nossas vidas


>> Brasileiras se vingam de derrotas passadas, viram partida equilibradíssima e lavam a alma (foto: Fivb)



Quarto set da partida de quartas de final da Olimpíada. Logo no início da parcial, as russas, atuais campeãs mundiais e líderes do grupo na fase classificatória, abrem 4 pontos de vantagem sobre as tadinhas das brasileiras, que suaram sangue para avançarem ao mata-mata. Sinceramente, achei que o sonho da sexta semifinal olímpica seguida terminava ali. Graças a Deus, não.

E graças a vários seres humanos também. Zé Roberto, com sua notória sabedoria, promoveu inversões que em certos momentos nos deram sobrevida no set, e quando não funcionaram, foi sábio o suficiente para voltar com as titulares. Dani Lins - quem diria! - foi um anjo que caiu do céu. Soube usar muito bem o meio, coisa que Fernandinha, infelizmente, não havia conseguido nos Jogos. E, nas horas de aperto, fez o que era necessário: meteu bola para Sheilla, um monstro na partida de hoje, com 27 bolas no chão.

Melhor do que a vitória pura e simples foi a forma como ela veio: a seleção que se via em maus lençois ali no primeiro parágrafo teve forças para reagir e levar a decisão para o tie break. E QUE TIE BREAK. O placar chegou a apontar 13 a 10 para o Brasil e o narrador do Terra já falava como se o set estivesse garantido. Eu discordava. Do outro lado, havia outros monstros: Goncharova (25 pontos), Gamova (25) e, principalmente, Lioubov Sokolova (28). Graças a esta última, a Rússia reagiu incrivelmente e passou à frente no marcador: 14 a 13.

Embora eu tentasse não pensar, era difícil não vir à tona a sensação de "não acredito que as russas vão virar no fim de novo" (lembranças amargas de Atenas-04 e Mundial-10). Mas hoje não. Hoje foi a vez do Brasil (mais precisamente da Sheilla) salvar SEIS match points russos. Na primeira oportunidade brasileira de fechar a partida, BAM!, ataque de Fabiana. 21 a 19. Incrível. Nossa seleção vence fantasmas do passado, mostra poder de reação e cala a boca dos críticos após início pífio nas Olimpíadas. No melhor jogo da vida delas.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Esportes coletivos brasileiros jogam a vida nas quartas



>> Vôlei e hande femininos enfrentam campeãs mundiais. Basquete quer se consagrar (foto: France Press)



A vida não será nada fácil para as equipes brasileiras que iniciam a fase de quartas de final nesta terça (07). Enquanto o handebol feminino tenta, pela primeira vez na história, figurar entre as quatro melhores seleções do planeta, o vôlei feminino quer apagar a primeira fase desastrosa e voltar às semis olímpicas.

Nenhuma das equipes, porém, terá partida fácil no mata-mata. A Noruega, campeã mundial em dezembro passado, ainda não mostrou seu melhor jogo - tanto que passou apenas na 4a colocação.O Brasil, por sua vez, tem até agora uma participação história, coroada com a liderança do grupo. Daqui para frente, no entanto, quem perder está fora. Jogo duro e favoritismo norueguês. Nunca se pode menosprezar o atual campeão olímpico.

É o que a seleção feminina de vôlei da Rússia deve estar pensando. Gamova, Sokolova e cia venceram todas as partidas até aqui, mas deram azar de encarar logo nas quartas o mesmo time que encantou o mundo em Pequim: nós. O jogo promete muita emoção, aliada à qualidade das jogadoras e à rivalidade que já vem de longa data. Se jogarem o que sabem, as comandadas de Zé Roberto sofrem, mas passam.  

Os homens também lutam - O basquete masculino tem missão semelhante à das meninas do hande: (re)colocar o nome do país, finalmente, entre os grandes. A tarefa, de novo, é árdua. Os argentinos, ouro em Atenas-04, serão nossos adversários. Nos embates recentes, tivemos a épica vitória brasileira no pré-olímpico lá na Argentina ano passado e a revanche deles dias depois, além de amistosos semanas antes dos Jogos. Ou seja, confrontos equilibrados, com vitórias para os dois lados. Que vença o melhor. Que vença o Brasil.

Sem pressão, Zanetti conquista ouro histórico para ginástica do Brasil


>> Primeiro pódio em Jogos vem de ginasta não-badalado. Que bom.

 

Fale bem a verdade: você acharia que o ginasta Arthur Zanetti seria campeão olímpico? Aliás, você sabia quem ele era na noite de ontem? Pois a conquista desta manhã coroou o trabalho não só do jovem paulista, como o de toda uma classe de esportistas brasileiros: os talentos desconhecidos.

Daiane e Diego chegaram com toda pompa e com o peso do país nas costas nas edições de 2004 e 2008, respectivamente. Falharam. Dessa vez, porém, Arthur veio livre, leve e solto. Vice-campeão mundial, sim, mas sem a maldita pressão por um pódio. E taí o belo resultado: a primeira medalha na história da ginástica brasileira nas Olimpíadas não veio da família Hypólito nem da gauchinha que inventou um novo salto. O ouro é dele, Arthur Zanetti, 22 anos, o pequeno notável (1,56m). Orgulho nacional. Que venham mais.



domingo, 5 de agosto de 2012

Deu tudo errado. Para o mundo todo.


>> Decepções (e surpresas) acontecem com  atletas de todo país. Superem isso (foto: Lancenet)



O vento levou a Murer, Cielo nadou pior do que na classificatória, Guilheiro lutou mal pra caramba e ficou longe do pódio. A eterna promesa Diego Hypólito caiu de cara e o campeão mundial do boxe Everton Lopes caiu nas oitavas. Nossos dois únicos ouros garantidos (Scheidt/Prada e Cielo nos 50m) viraram bronze. Os atletas brasileiros têm sérios problemas emocionais na hora da decisão e tem algo de muito errado acontecendo com nosso país?

Não. A Olimpíada é uma competição louca em que centésimos de segundo de desatenção custam quatro anos de sacrifícios e dedicação. Muitos favoritos - mas muitos mesmo! - decepcionam e alguns deles concidem de serem brasileiros. O mega campeão Kenenisa Bekele ficou apenas em 4° lugar na prova dos 10 mil metros. O tenista sérvio Djokovic, que vem de 2011 praticamente perfeito e um 2012 promissor, também teve que se contentar com a 4a colocação.

Querem mais?

Atuais campeões olímpicos, os estadunenses Rogers e Dalhausser foram eliminados numa precoce oitava de final. Até o falastrão James Magnussen não confirmou o favoritismo nos 100m livres e sequer conseguiu se classificar para a final dos 50m, em que Cesão "decepcionou" o país ao ser bronze.

Ou seja, os brasileros favoritos deveriam ter ido melhor. Só que todos os países possuem aqueles "ouros garatidos" que não vieram. E, além disso, sempre surgem uns pódios surpreendentes. Sarah Menezes não era a judoca mais esperada para subir no lugar mais alto do pódio. Nem Felipe Kitadai, muito menos Thiago Pereira, estavam bem cotados pra medalhar. E deu no que deu.

O vôlei feminino, que agoniza e torce como nunca para os arquirrivais EUA hoje, pode ser eliminado na primeira fase. Talvez nenhuma dupla do vôlei de praia seja campeã em Londres. Por outro lado, há a possibilidade, por que não?, do boxeador Esquiva Falcão chegar à decisão olímpica. Ou do desacreditado taekwondô brasileiro trazer duas medalhas para casa. E essa é a magia dos Jogos.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Bernardinho e seus comandados ressuscitam e nos dão esperanças de tri


>> Vitória sobre russos por 3 a 0 apaga frustração da Liga e põe vôlei masculino como favorito ao ouro (foto: Fivb)



Menos de um mês atrás, a seleção masculina de vôlei passava pelo seu pior momento nos mais de 10 anos do reinado de Bernardinho. A derrota pífia na Liga Mundial ante os cubanos, que sequer se classificaram para Londres, preocupou todos os torcedores (e até o próprio técnico): o encanto tinha acabado? A bela vitória de ontem diante da forte Rússia em sets diretos mostrou que não. E mais do que isso: o Brasil é agora favorito ao tricampeonato olímpico.

Não apenas a equipe brasileira voltou a apresentar o voleibol decente que dominou a modalidade na década passada, como também nenhum outro adversário do Brasil mostrou um vôlei exuberante. A Polônia, campeã incontestável da Liga Mundial, já escorregou contra a Bulgária. Os Estados Unidos vêm bem, mas não possui mais a qualidade e o fôlego de quatro anos atrás, quando foram ouro. Da Rússia, nem se fala.

No mais, Sérvia e Itália dão a sensação de que já tiveram equipes melhores. Argentina é para 2016. Bulgária deve lutar pelo pódio, sem muita força para chegar ao lugar mais alto. O resto só faz figuração. No fim das contas, quem para o Brasil? Espero que ninguém.

A Olimpíada dos coadjuvantes que viraram protagonistas



>> Eles são jovens e desconhecidos. E campeões olímpicos na natação (foto: Reuters)



Ruta Meilutyte, Allison Schmitt, Chad le Clos... Quem se voltou às atenções ao Centro Aquático de Londres na esperança de ver a consagração de nomes famosos deve estar surpreso ao acompanhar ilustres desconhecidos desbancarem antigos figurões. Sobrou até para o agora recordista de medalhas Michael Phelps.

A lituana Ruta, de apenas 15 anos (!), já havia assombrado os deuses olímpicos ao registrar o 8° melhor tempo da história logo nas eliminatórias dos 100m peito (e a melhor marca sem os trajes tecnológicos). Faltava, porém, a consagração. Afinal, nadar bem na 1a fase todo mundo nada. Mas a adolescente foi lá, garantiu o ouro na final e deixou as demais nadadoras - com idade para ser sua mãe - a ver navios.

Na final dos 200m livres, uma bizarrice. Todas as atenções estavam voltadas à recordista mundial Federica Pellegrini e à sensação estadunidense Missy Franklin (de novo, 15 anos). Entretanto, outra sobrinha do Sam (sério, daonde elas brotam?), comendo quieta, abriu um corpo de vantagem na segunda piscina e, bam!, ouro para Allison Schmitt com quase 2s de diferença para a segunda colocada. E nada de Missy ou Federica no pódio.

Até Michael Phelps, tadinho, sentiu a força dos coadjuvantes que viraram protagonistas - e nem estamos falando de Thiago Pereira. Estava tudo pronto para o estadunidense conquistar seu primeiro ouro individual em Londres, só esqueceram de avisar um certo garoto sul-africano de apenas 20 anos. Phelps, quem diria, "morreu" no fim dos 200m borboleta e viu Chad Le Clos ultrapassá-lo no finzinho da prova - 1:58.96 contra 1:59.01.

Esperamos que nos 50m livre não haja nenhuma zebra, certo, César Cielo?